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Mostrando postagens com o rótulo O Ignorante

Eu Odeio a Bíblia

Não gosto da Bíblia. Começo o texto com a conclusão mesmo, pois bem, é o meu texto. Agora explico o porquê, afinal é, este, daqueles temas que precisam se dar a explicação dos seus motivos ulteriores. Quis começar também assim, pomposo, com falas difíceis, mas eu vou deixar aqui o meu dicionário de vocábulos aristocráticos no chão e seguir falando como sempre falo mesmo. Acredito que os que devem explicação aos outros são aqueles cujas ações refletem alguma influência sobre outra pessoa ou grupo. A estes precisamos sim dar uma explicação do porque fazemos o que fazemos. Mas quanto à Bìblia, religão, Deus, a estas coisas, eu sofro de um profundo incômodo de me explicar, afinal, pensando de uma forma muito, mas muito prática, não faz diferença alguma minha justificativa da descrença. Crendo eu ou não se a Bíblia é um livro sagrado ou apenas um compilado mau gasto de papel de jornal e versos mal elaborados, o mundo continuará a seguir. Era o que eu gostaria de acreditar, se as pessoas con

O Erro Divino

- Quem é que bate na minha porta a uma hora dessas? - Sou Deus! - Quem? - Deus, Deeeus! Abre! - deus? - Não, não deus, Deus, Deus meu bom homem. - Pois não conheço Deus, apenas deus. - Não é assim que se refere a mim. Sempre fui Deus e sempre serei Deus. - Mas para mim é só deus, porque eu mal te conheço. - Não me conhece? De forma alguma? - Não, não conheço. Nunca ouvi falar de Deus. - Espera um momento. Que dia é hoje? - Hoje é Quarta-feira. - De que ano? - Quarta-feira de 1922. - Aquilo ali é uma lâmpada? - Sim, é uma lâmpada. - E aquilo ali é uma TV Holográfica? - Sim, é. Uma TV Holográfica de resolução em 32K pixels. Precisa usar esses óculos aqui pra não doer a vista. Uma coisa visa a outra. - 1922 você disse? - Sim, 1922. É Deus o seu nome? E você é o que? Vendedor?  - Não meu filho, eu sou Deus! Mas 1922 e TV Holográfica? 1922 depois de Cristo? - Depois de quem? - Depois de Cristo, meu filho. - Cristo? O que seria isso? - Não conhece a Deus e nem a Cristo? O homem que enviei ao

Crônicas do Não Saber 4 - Isac Asimov - Fundação 2020

Uma das minhas histórias favoritas nos livros que li é Fundação, de Isac Asimov. Ganhei o primeiro livro de um amigo meu, mas por puro preconceito com a ficção científica, abandonei na minha estante por meses. Um dia decidi dar uma chance, depois de ler tantas vezes a respeito da obra. Eu acreditava que Isac Asimov se tratava de uma literatura de ficção fácil, até mesmo infantil, por causa do cenário envolvendo a própria ficção científica. Com o passar dos anos passei a enxergar a literatura de ficção como um entretenimento, mesmo aquela que se pretende ser clássica e explorar as reflexões e ideias mais refinadas das ciências, ainda não deixa de ser um entretenimento. Como por exemplo, um filme como Jogos Vorazes que explora a ideia do Darwinismo Social, não precisa necessariamente explorar com detalhes a origem sociológica do termo, nem mesmo os estudiosos que a cunharam, e nem mesmo os outros estudiodos que a combateram, e toda a discussão científica por trás da definição que ilumin

Crônicas do Não Saber 3

Enquanto o café fumegava, eu via, diante dos meus olhos, a dança aleatória do vapor, um vapor fino que só era possível existir por causa da luz que o trespassava, diante dos meus olhos. Eu via o café fumegante diante de mim enquanto segurava uma xícara na altura do nariz, parado e imune ao mundo exterior. Não estava tão imune ao mundo externo, mas era como pretendia estar. - O que está fazendo? - perguntava uma voz. Vê que eu notei que era apenas "voz"? Podia ter dito "me perguntava um som" e assim, seria ainda mais enigmático, mas na minha consciência já estava bem estabelecida a ideia de que palavras só podem ser emitidas por vozes, e além do mais, eu estava absorvido em mim mesmo com tamanha distância do mundo, como se houvesse cavado um buraco em mim e me escondido, enquanto meu corpo agia apenas como um recipiente para a normalidade da vida cotidiana. Porém eu deveria estar fazendo algo atípico, pois alguém usava a voz como um gancho que me arrancava de de

Crônicas do Não Saber: 2

No último Sábado a minha namorada esteve aqui com o filho, um menino ainda na primeira infância. Todos aqui parecem ter gostado do garoto, inclusive meus pais. Quando ele chega aqui eu tenho a sensação de que a casa funciona em razão da presença dele, como se todos os cômodos e móveis se dispusessem para o bem da presença dele. Meus pais, cada um a seu modo, ficam animadíssimos. Minha mãe não pouca comentários de ternura com sua voz chorosa de mãe que tem o coração derretido. Meu pai não consegue esconder por trás da usual expressão dura de nordestino trabalhador aquele sorriso de felicidade e paz por causa do menino. Eu suspeito que brote este sentimento neles por causa de uma necessidade biológica de herança genética, e por nenhum dos três filhos, meus irmãos e eu, termos ainda a menor pretensão de oferecer-lhes netos, eles calam essa angústia. Temos uma geração diferente da deles. Se fosse em outra época eles nos cobrariam diariamente tal como um cobrador de dívidas não oficial ba

Crônicas do Não Saber: 1

Eu não compactuo com o lunatismo conspiratório de Olavo de Carvalho, mas eu seria desonesto demais se não desse a ele os créditos por uma parte do meu amadurecimento. Confesso que só realmente dei atenção a ele por causa das gritarias de confissão desesperada de seus opositores na internet, trazendo na figura dele a imagem de um debochado profeta do caos, caso não sigam o que ele tanto tem a alertar. No prefácio do livro Admirável Mundo Novo, versão da Editora Globo, de 2001, ele fala sobre a condição de saúde de Aldous Huxley, e aqui recrio as próprias palavras de Olavo: "Símbolo e resumo de sua trajetória vital é a luta de décadas que ele empreendeu contra a cegueira. A doença que aos 17 anos reduziu sua visão a aproximadamente um décimo do normal não foi para ele, como provavelmente o seria para muitos escritores numa era de egocentrismo e autopiedade, ocisão de especulações vãs sobre a maldade do destino." É até curioso que Olavo tenha escrito desta