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Mostrando postagens com o rótulo Matheus Vieira

Estilhaços

Fui catando os fragmentos pela vida Pedaços do que foi estilhaçado Uma diversão aqui Um sorriso ali Aqui tem uma carícia Lá, cacei um pedaço daquela maciez Aquele calor de quando a mão Me segurou pela primeira vez. Fui catando os pedacinhos, pouco a pouco Ainda não está tudo, não está completo Ainda sinto o bater frágil e vazio De um peito pobre e inquieto. Ainda sigo em rimas sem sentido Em aceitar migalhas ainda sigo Porque não aprendi, desde aquela tarde A seguir sem o que me foi perdido. O som e a dor, a coisa que é física Se esparrama na malha do tempo Se alonga e se despeja pelos dias. Levanto Dobro os cobertores Faço o café Tomo-o, sozinho, em companhia A maciez de uma poltrona sob mim A fria brisa que corta o meu rosto Não é a carícia, é o mesmo convite diário O mesmo maldito sacrifício O que para muita gente é Domingo Para mim é um suplício! Por que ainda? E então, nada, absolutamente nada Esse maldito e infernal nada! Esse nada que se sobrepõe, que se envolve sem convite E se...

Madre Pérola (4)

Você minha guia Minha luz Você que com a curva etérea Da fronte mais divina Me conduz Eu sei que em algum lugar Deste mundo repleto De alegrias tardias Deste mundo que pede sofrimento Em troca de um alívio de momento Eu imagino, com a força do coração Que há uma flor transcendental Uma pedra opaca, rara e lustrosa. Que você enterrou com a própria mão E lava-me o ilusório bem e mal. E quando a carga torna-se mais dura Mais árdua, mais pesada Quando o peito arde em amargura Eu sei, minha guia, que aí estás Mesmo sem estar Mesmo que tua matéria seja agora Parte desta natureza Que tenha caído no rio Ou esteja esquecida sob a mesa Que basta fechar os olhos Lembrar dos sons trazidos de outro tempo Quando a inocência ainda persistia Quando você olhava para mim Com seus olhos de amor e me dizia: Ame, amigo, ame. Ame todo dia.

O Cortejo de uma Terra que Resiste

Mira a terra sob teus pés  Esta terra que respira com pesar Coberta de raízes represadas  Raízes tão fundas Tão cravadas neste seio  Que ora raízes Ora correntes do coração. Estes teus pés tão gentis Pisam com a felina sutileza  Olham matando antes do ato  E matam, não pra devastar Pra espalhar tuas sementes  De renovação, amor, tato. E nasce uma flor Outra flor  Muitas flores São todas as mesmas flores Todas da mesma mão Da mesma jardineira.  Um amor que é um respiro de alívio  Mas que se abre em fenda sobre o chão. Esta, sob teus pés tão relicários  Porcelaninha, cristal, seda divina Preâmbulo intrépida ferina Contorno teus sacrácios montes  A gente que neste solo sobe e cai E que neste solo a gente invocai O caminho não é jornada E a jornada não é partida É cortejo quase que em vida Mas diante destes pés  Quase tão virgens de saída  Respira-se um quase sem revés. É o cortejo de uma terra em redenção. Porém benção não é ...

Barca da Renúncia

Arrasto-me sobre os pés Restando o sussurro às paredes Preces mornas de súplica e perdão Levado pela barca da renúncia me deixei. Esta em que eu mesmo adentrei. Além do horizonte,  Disseram das Américas, espera Mas só, aguardo impaciente  O fim deste mar que não se encerra. E o que em mim se enterra, Dia após dia, É o baque surdo de um grito acorrentado: Liberdade, liberdade! Que não sai. Que morre na vontade.

Em Ruínas a uma Flor

Minha flor despedaçada Amordaçada, na sombra obliterada Deixada para trás, enquanto o mundo ainda é mundo. Ergo-te agora Com ânsia nas mãos e o peito aberto Cobrindo este altar com o espinho pungente do não dito. Que cai feito orvalho e perfura-nos o peito. Cada cicatriz, marca e memória Cada silêncio imposto E cada ausência de cuidado Que te abriu essa cova Eu venero. Vem cá e se cobre  Protege-se do ar gélido Quer um chá? Uma história de ninar? Aqui, talvez, desague Escorre sem pressa, temos todo o tempo do mundo Nestes próximos cinco minutos. Tudo que aqui vê agora É teu. Este espaço Este momento Este tempo Onde só nós habitamos. Deita, veste teus panos de delicadeza Eu recolho nossos fragmentos Ainda que se confundam Teus, nossos... meus! Aconchega tua bagagem Eu dobro tuas roupas Até as que você ama usar Mas nunca te deixaram Tuas roupas, quaisquer roupas Que te embelezam como o último pôr do Sol. Aqui, neste som distante Onde tudo parece esquecido Só existe nós por enquanto. ...

O Abismo

Da porta do meu lar No meio da sala de estar Avisto todo dia o abismo Este, que é lugar sombrio Sonoro e repleto de textura. Sei que lá de dentro Cresce vasta vegetação Existem homens ajoelhados Elevando ao céu a mão E mulheres plenas de potência Fingindo ser bravura sua carência. Aqui, em casa, vivo só A vida só se vê ante sua borda Essa existência divina, quase vazia Essa voz que me preenche todo dia Contemplo o abismo por mais que eu queria Até que de repente, o que acontecia: Ele toca a campainha Chega de chapéu e de casaco Coloca os seus pertences no sofá Dá-me um abraço familiar Levanta, ordena, e serve-me um chá!

Guardanapo

Trouxe a mim um lenço guardanapo Quando o mundo caía em tempestade Arrumou a sala Colocou as plantas de volta no lugar Não importava quantas vezes Era sua, essa forma de cuidar. Sob árvore frondosa num abraço Protege o momento derradeiro: Nos deram um último mergulho O mistério azul em teu olhar Arcana despedida acenando Daria mais da fé no meu orar Pudera eu saber sonhando Teria ido eu em teu lugar. Tento, todo dia, te honrar Ainda que não haja solução Para esta alma envenenada Sigo, por você, a dura estrada. Quem sabe no fim eu esteja errado Quem sabe, nessa doce fantasia Numa estação etérea, eu sentado E você chegando e diz: Que bom que veio há quanto tempo que havia. ================================================== São 27 anos em que eu guardo sua memória com o desespero de quem não quer esquecer do próprio nome.

Perméssides

Escapa-me das mãos, como areia, a possibilidade de uma ideia pra chamar de minha. Já desisti do lar que me abandonou e que se foi sem esperar por mim. Nunca sequer visitei um salão de palácio. Adotei palavras aos picados, transformei-me em uma colcha de retalhos incômoda e suja. Não teve um costureiro habilidoso. Não sei se guardo na cômoda ou largo no parapeito da janela, à vista de tudos. Não sei se a atendo, ou se deixo como está. Não sei se deliro com o furo da agulha, ou se minhas palavras tem alcance além da minha própria imaginação. Sempre do lado de fora do baile, depois sobra-me o chão para limpar. É um salão vasto, com muitas vozes impregnadas em seu mármore, repleto de graças e virtudes. Cato uma coisa aqui, outra ali, guardo um petisco no bolso. O banquete já foi. Está tudo bem, enchi o estômago, a fome se foi, mas não saciou. Era pra mim? Quando será para mim? Eu tenho permissão ou convite para estar aqui? Queria estar, não mal estar de ser visto sem ter o que dizer. O que...

Corpo Fechado

Hoje decidi não estar pro mundo Levantei o dia largando as meias pelo chão Não dei bom dia ao vizinho. E também nem aos gatos. Não falei com o passarinho. Não molhei as plantas e nem lavei os pratos. Fiz questão, como quem faz quando tem sede, De dar companhia ao meu abandono. Quis meu corpo deitar-se no chão, Deixei. Não pra servir de passagem, Mas pra ouvir o meu refrão. Os pensamentos, que vagaram Por tantos corredores sombrios. Larguei-os todos nos labirintos Destes relicários mais frios. Deixei, por hoje, de ser bagagem De dar carga a uma alma doente. Permiti, somente, ser a coragem De um corpo pleno recipiente. Hoje, quando a manhã é gélida Eu quem vestiu minhas roupas Não foram elas quem me vestiram Desta pele rude, seca e pálida. Hoje, enquanto o mundo inteiro Segue indo no itinerário Decidi honestamente, por inteiro Ser-me um apenas solitário.

Geopolítica

Quando descemos, os animais Do nosso insalubre lar Fizemos tambor para clamar aos deuses. Até então só havia ar, Só havia água, Alimento, E defecação. Saímos da umidade Da caverna dos pensamentos Fincamos os pés no chão. Intratável e espinhoso. Fizemos um violino E Eles, que se refugiam de nós Usaram da nossa pedra Para erigir sua história inacabada, Passaram a tocar tambor. O preço do tambor subiu. Tão ou mais elevado Que o valor do barril de petróleo.

A Brisa Incandescente de Teu Calmo Olhar de Fogo

No pálido outono da minha lembrança tu caminhas, leve, sem ferir o chão. Teus olhos azuis — dois portais de bonança — me enxergam inteiro, mesmo em contramão. Ela entra e o mundo esquece o eixo. Cada gesto, dança de lâminas e flores. Fala como ama — fere como fosse a própria musa do furor, dos amores. Teu riso é cítara, teus passos, harpa, e no fio da tua ausência me equilibro. Foste, e fiquei feito folha que farpa a si mesma em capa sem livro. Sua palavra tem perfume. Sua carícia, febre e calma. Ela me queimou com beijo e depois soprou minha alma. Tu és minha oração não rezada, minha infância não salva, minha irmã sem idade, minha estrela mais clara. Ela dizia: “vive, idiota!” E eu morria um pouco mais. Ficava olhando sua boca, como quem tenta ler sinais. Ainda me acenas nos sonhos — e, mesmo dormindo, eu sei: não há morte que te leve nem tempo que te levei. Ela foi Mas ficou em cada verso que grita, em cada vinho derramado, em cada noite infinita. E é no silêncio escarlate  Do ca...

Ao menino de 1998

Em uma noite qualquer de 1998, um menino. Ele se encolhe no chão, agarrado aos joelhos, chorando por... por todos os motivos que sempre o faziam chorar e se sentir profundamente solitário e abandonado. Ele escuta uma voz no escuro: "Ei, pare de chorar. Enxugue estas lágrimas, e pare de ter medo. Olhe esta caixa debaixo da sua cama. Hoje o dia foi bem difícil, como a maioria dos dias. Mas debaixo da sua cama, veio de um tempo distante, mas não tão distante assim, uma mensagem para você." O menino se levanta, busca coragem e olha. Tateia com a mão e sente um objeto retangular. Debaixo da cama ele encontra uma caixa de madeira simples. Ele puxa com curiosidade, levanta-se do chão como um herói abatido, e, com a caixa nas mãos, vai até a cozinha. Acende a luz e senta-se na mesa do jantar. Ao abrir a caixa, descobre uma carta escrita a mão em uma caligrafia séria e gentil. Não sabe se deveria ler, porque não tem certeza se a carta é para ele, mas ele lê mesmo assim. A carta dizia:...

Meu Pássaro Roubado de Mim

Meu pássaro roubado de mim Via teu reflexo no espelho do fundo da sala De lá de dentro de tua gaiola fazia sombra Teu canto soava belo, sempre soa belo (é incrível como ele sempre é estridente e belo!) Repleto das minhas vontades e dos meus desejos Cheio daquilo que quis amar e não pude Completo daquilo que quis ter e não tive Lúcido do teu próprio cárcere Existindo e pela felicidade. Vez ou outra, pela frestra da janela Um feixe de luz lhe aquecia Vez ou outra, vês um galho de árvore solto O verde das folhas Sente a brisa nas suas penas Via teu reflexo no fundo dos teus olhos O desejo pelo sol nascente A caça pelo teu ninho O teu vôo torto Tuas feridas  Teus remédios E tua sanidade numa cruz de madeira E teve aquela vez em que você decidiu Que ao invés de ser pássaro Queria ser gato E passou o dia inteiro tentando lamber a si mesmo Até sentir vergonha  Que coisa tola sentir vergonha Providência, psicomaestria Porém revolucionária E quando decidi por mim abrir tua jaula Voou e...

Domingo do Senhor

Domingo do Senhor É dia de varrer a casa. Ouvi, há muito tempo, um estrépido troante Como o som de um vaso oco estilhaçante E era mesmo um vaso a princípio muito ornado. Ou quem sabe era a forma de uma estátua O abedé de uma deusa, Euterpe, Calíope, Psiqué ou Erato. Quanto tempo que esse estrondo aconteceu? Foi descuido ou a força de um grito? Foi um tombo distraído, ou força do hábito? Ou quem sabe uma palavra mal pronunciada Titubeia pela pressa de pouco perceber. Será que ninguém notou Todos os pedaços espalhados pelo chão? Pai, mãe, filha, companheira E a carne que espeta nossos pés O sangue entrecruzando nosso rastro? Faltou coragem Faltou muita determinação Encarar o meu pedaço Num fragmento ensanguentado pelo chão. E hoje, que nem era Domingo do senhor. Hoje que era um dia qualquer... Todo dia se parece No Domingo varrendo os fragmentos.

A Ponte

Todas as noites em que eu sonhava, não importava o tema ou as imagens, estava presente uma ponte que flutuava bem alto lá no céu. Não era uma ponte comum, em que era vista de baixo para cima, ela realmente estava flutuando no céu, cortando toda a dimensão do horizonte até onde eu pudesse ver, de leste a oeste, e não se conseguia ver o começo, ou o fim, por mais que eu fizesse um esforço, ou caminhasse por dez dias inteiros, ou pegasse uma carona com algum estranho, essa ponte não me permitiria saber o que se encontrava em suas extremidades. Se eu sonhava que estava na minha sala de aula, lembrando das pessoas que fizeram parte da minha infância, ao sair da escola, eu notava cortando o céu azul aquela imensa ponte, em que as extremidades se perdiam em um caminho interminável. As risadas dos meus colegas indo em grupos ou em duplas para suas casas me despertavam um misto de alegria e isolamento. Quando eu sonhava que estava andando sobre a areia da praia, ouvindo o som da espuma molhando...

O Homem de Areia

Acordo tossindo, no meio da rua, engasgado com meu próprio sangue. Uma saliva vermelha escorre pela minha boca e mancha as minhas roupas, enquanto tento buscar o ar que me falta. Minha vista turva sintoniza gradualmente o mundo ao meu redor. A tela da realidade toma forma e aos poucos onde me encontro. Estou cercado por uma pequena multidão, todos eles absorvidos pelas suas tarefas do dia a dia. Um casal de idosos, indiferente ao resto do mundo, discute as contas da casa. Um homem corpulento e desengonçado procura freneticamente os resultados dos esportes da semana. As crianças correm pela casa, ignoram os meus apelos, até mesmo quando se aquietam para assistir TV ou os intermináveis vídeos do celular. Várias moças fazendo suas unhas e comentando sobre o calor quase insuportável do dia. Um casal dança sensualmente atrás de uma árvore, aproveitando-se da pobre luz. Os senhores no bar jogam cartas e contam suas histórias como moeda de troca. Um bêbado cambaleia e parece ser o único genui...

Eu preciso ser eu mesmo em algum lugar desse mundo

Cada poema que eu escrevi, não sei dizer se são bons, mas eu escrevi. Não tive pretensões, mas eu senti que precisava escrever. Não quis fama nem nada disso, só queria escrever. Talvez uma parcela de mim desejasse o reconhecimento. O poema é uma voz, e toda voz quer ser ouvida, porque ninguém quer ser o louco que fala sozinho aos ventos. Mas já parou para ouvir um louco falar? Ele traz um incômodo porque nos projetamos, então fingimos pressa para não ouvir. Ou até fingimos mais sanidade do que o próprio louco porque não queremos dar-lhe crédito pelas coisas que diz. Eu não sei se toda voz quer ser ouvida, mas eu gostaria de ser. Eu fui pouco ouvido durante toda a minha vida, disso sim eu tenho plena convicção, entao me acostumei a dizer o que as pessoas querem ouvir, e eu queria que as pessoas dissessem pra mim aquilo que eu quero ouvir. Dizem que comunicação é uma coisa impossível, a menos que digamos palavras de ordem. Talvez algum filósofo tenha escrito isso. Cada poema que eu escre...

Aniversário

Esse som ríspido que raspa o meu trajeto  Não é a demência da alma Não é o som pesaroso de um luto repentino  É o som dos estilhaços esparramados no chão  Daquilo que sobrou do espírito menino. Sim, eu sei, hoje era pra ser de alegrias Sorrisos, gratidão e fortuna Horizonte avante, de um futuro que se abre Mas futuro já não há, não penso, não vejo  Só o pesar que com o coração coaduna. Recebe uma ligação porém, Ainda ouve aquela voz familiar  Aquele amor que é o mesmo da infância  Aqueles sons que se repetem e já nem nota. A mesma cantiga cujo final se antecipa. E cai o anjo novamente, no eterno lago A pele etérea arde na dúvida sofrida Por que, por que, por que minha vida? Não tem porque. Só tem aqui. Se atravessa a rua ou para Ou se o cometa explode o corpo celeste É porque.

Sala de Espera

Aqui está, são R$3,74 senhor. São 7:34, está na hora de ir, senhora. Em quatro minutos, abaixem seus lápis  Volto já, até lá, página 74. Pois em nome do pai e do filho Amén  Pois é um menino ou menina? É menino! Sra. Cardoso? Sim! Sr. Cardoso? Sim! Até que a morte os separe! Embarque portão sete! Três semanas em Noronha! Pois cheguei mais cedo Às 4 Ouço o ranger e o berro da cama E lá eles estavam. Assine aqui Sra. Guedes Está bem? Sim, soluça. Doutor. Quanto tempo doutor? Doutor quanto tempo? De 4 a 7 meses. Já faz 4 dias Que angústia, que tormento Nada acontece. Acontece que aconteceu Foi um lamento Nada mais se deu. Fica a saudade. As saudades Ai que saudade de... Em nome do pai Do espírito Santo  Amén.

A Child is Born

Talvez seja o som do enferrujado Ou um rato que emite seu chiado Escombros mais escombros de história  Fragmentos de vida, de memória. Torna o animal tua origem  Séculos e séculos recôndito  Desavergonha-se, prêmio da miséria  Anda a plena luz, sem pudor. Restos, muitos restos pelo chão  De homens e mulheres e crianças  Agarram-se firmes pela mão  Sob os rastros de uma explosão. Toda a tua ciência e tua literatura Cai-lhe sobre os ombros Tua salvação, tua ruína No fim das contas, de nada serviu toda a nossa luta. Cerveja, Bill Evans e uma vontade doce de morrer.