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Mostrando postagens de outubro, 2016

A Luz da Montanha

"Eu não vou solucionar a situação de vida dessas crianças, eu não sou governo. Eu adoraria mudar esse bairro, essa situação, mas eu não posso resolver o problema deles sozinho, estou aqui pra contar histórias, levá-los pro mundo de faz de contas e tirá-los um pouco da sua realidade dura" - Professor Jairo Esta é uma citação que veio após o professor compartilhar um pouco da sua experiência de Contador de Histórias em um projeto Nossa Senhora de Caropita com crianças carentes. Isso me faz pensar do quanto estamos infelizes com a nossa condição social e tendemos a projetar essa insatisfação no indivíduo, nos esquecendo dos principais culpados, os desgraçados que estão no governo. Essa divisão ideológica que assola as nossas mentes é o principal alimento desses abutres que nos bicam nas costas quando não estamos percebendo. Como professor, eu repenso a minha função. Repensar é fácil, o desafio é vivê-la. Sou professor, não sou a solução. Minha função é, quan

Amigos para Sempre: A mentira da geração Coca Cola

Eu não sei nem por onde começar. Não falo por todos, falo apenas por mim, pela minha experiência, e isso aqui não é uma fórmula ou uma receita de bolo, portanto não me siga, apenas leia, se quiser. Minha vida foi sempre vítima do idealismo televisivo. Acho que todas as nossas foram. Nosso comportamento foi condicionado, dia após dia, a ser de modo x, isso não é novidade para ninguém. Qualquer pessoa adulta com um mínimo de consciência sabe disso, e também não vejo problema algum nisso. Já vi pessoas com mais de 25 anos que brigam e perdem a cabeça porque o mundo não entra nos trilhos do seu trem individual (eu mesmo já fui um deles, até bem irritante), mas isso é puro narcisismo, escapismo, negação da realidade. A vida é o que é, ponto final. Você pode me dizer: mas não podemos nos conformar. Esta resposta messiânica de que temos que mudar tudo o que nos incomoda é o que realmente mais me deixa transtornado. Porque honestamente eu gostaria apenas de ser e só. Só ser, simpl

Apoena

Nessa casa que aí passeias Há anos que habito E tudo que faço não é por hábito Só não gosto da casa suja Querê-la silenciosa Calma, presente Sem aquele ardor iludido de ontem De quando temos todas as respostas Nessa casa que aí passeias Há tempos que são só perguntas Ambiente arejado, fresco, incômodo Senta aí é só ouve o quanto é difícil Tem coisa que fica porque ser humano Como essa vidraça que o olho ofusca Mas quando foca, limpa. O que não se sabe é que a fachada é feia Mas por dentro Tudo é combustão por culpa Por ter nascido como é Mas não há parede que não possa ser derrubada E feita de novo Dá-me tempo Encontrarei as ferramentas certas Mas não para você Essa casa que aí passeias Ela é minha E há tempos que por hábito Habito.
Eu posso não ser tão bom com crianças, mas eu sou ótimo com plantas, cachorros, gatos e outros tipos de animais. Non posso essere buono con i bambini, ma sono eccellente con piante, cani, gatti e altri animali.

Elogio uma anônima passada

Estava vendo um filme pornô um dia desses e me lembrei de você. Eu sei que soa mal educado, mas na minha cabeça isso é bastante lisonjeiro. Eu lembrar de você me desperta meus instintos mais animais, que no fim das contas, é a única coisa em que eu realmente acredito, porque eu posso ver minha própria ereção.

Peônias após a dinastia Han

Enxofre, carvão, nitrato de potássio Badala o sino anunciando a missa Perco a missa O café amarga, azeda, queima Sem a fumaça do consolo Largo ali a xícara Que permanece por uma semana Porta entreaberta, todos os dias Espero alguém chegar Ninguém chega. Luz vai e volta sozinha O calor existe, mesmo debaixo da sombra da árvore. Ouço um choro na caverna Nesse som que bate no fundo e ressoa. Badala o sino anunciando a missa Perco a missa. Caverna escancarada, todos os dias Espero alguém chegar Ninguém chega. Bebo o café, acabou o café Largo ali a xícara Que permanece por um mês Odeio o lago da calmaria Quando se tem medo de nadar Badala o sino anunciando a missa Perco a missa Mar aberto, escancarado, agitado, calmo, todos os dias. Espero alguém chegar Ninguém chega. Badala o sino anunciando a missa Ninguém chega. Enxofre, carvão, nitrato de potássio. Pedaços de porcelana ao chão. Ninguém chega, todos se vão.

Soma numa conversa com Aldous Huxley

Na festa em que todo mundo vai, Permanecer É a melhor forma de protesto Célebre como ponto radiante Irradia tudo De luz fresca ao negro véu cortante O que importa é o que importa O que não vale é o que não vale O que não quer, joga-se fora Nenhum resto é fora de moda Pedintes de vida também precisam de vida. Não há nada mais irresistível do que um pedinte onde tudo sobra Do que um choro convulsivo onde tudo é sombra Da verdade onde tudo é cobra. Nesta era em que o sorrir é quase uma tortura Chorar pelo direito ao mal-estar Parece ser a única forma de cura Naquela hora em que é quase obrigatório o riso do palhaço Fazer o caos sem explicação é o maior alívio Da covardia senil, falsa, em estardalhaço.