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Mostrando postagens de agosto, 2019

Depressão e Narcisismo

Há hoje em dia uma tendência de pessoas se declararem depressivas ou ansiosas, publicamente, alegando a justificativa de que desta forma estarão representando em nome daqueles que não perceberam ainda os sintomas da doença, alertando a sociedade para os comportamentos que podem despertar e agravar o problema. Porém, a forma como isso é feito, essa atitude de "sair do armário" e reconhecer a depressão, isso não me parece de forma alguma uma atitude altruísta. Eu a encaixo, em grande parte, em mais um item da grande coleção do desespero narcisista da nossa época. Não tenho evidências, mas as redes sociais estão aí para quem quiser buscá-las, e como isso é apenas um relato, uma forma de expressar desgostos da minha rotina de pensamento, então não vou me dar ao trabalho de buscá-las. Eu sei que é uma atitude intelectual covarde e preguiçosa, mas não escrevo este texto na posição de criar uma teoria generalista, ditando regras, isso é nada mais do que uma observação, reconhecendo

We

We run as a river Feeding unaware the existences of nameless creatures Marging the limits of our lives And at some point We'll be torn apart I'll someday share part of your ocean Or you, part of my stream In any case We both know We both should know We Are We water

Sancta

Antes do amanhecer Te negarei três vezes Primeiro te direi: Agridoce? Aquele sabor com gosto ocre. Agridoce foi teu amor Numa era em que é tabu falar de amor Em tempos de guerra Guerra consigo mesmo. Debatendo em pimenta doce No vazio do seu peito sem calor. Adriana? Teu nome rima com doença Com doença bacteriana. Adoeci quando amamos você Adoeço cada dia um pouco menos Até que um dia, nesses encontros do acaso Lembra de mim? Quem? Matéria? Explosão? Estrela? Te negarei três vezes, ante o amanhecer. Amanhece, amanhã o mar Árido acena em acidez O sanctus mar morto Da falsa Ana.
Existe uma diferença não muito clara entre ser feliz e viver superficialmente. O estardalhaço que se faz por causa do mínimo, a fim de propagandear uma vida a plenos pulmões, é apenas vitrine e estatística. Na era da pós verdade não me surpreende que tudo seja fingimento, desde a felicidade para esconder um vazio, ou a depressão para apelar a uma complexidade inexistente. Antes eu preferia a alienação. Depois a verdade. Logo busquei a realidade, e termino por viver no sonho. Sonhar me permite viver sem o peso na consciência de que estou em débito com o mundo. Vivo a passos largos para a desentrega.

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez