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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Mãe

Caiu uma tempestade em cima da casa Aquela casa pacífica Aquela casa branca, de ar leve. De repente tudo ficou pesado As portas bateram As janelas tremeram Cadeiras e mesas, sem equilíbrio, eram jogadas pelo ar Houve um estalido violento de vidro se partindo Como o som violento de uma alma se partindo Que risca e marca a mais profunda calma E atormenta a mais profunda mansidão As pessoas, surpreendidas, chocadas, tremiam O ar, pesado, ofegante E uma saudade melancólica dos primeiros dias Os primeiros passos E uma dor que só vivendo Aquele olhar forte, seguro, mais forte que a maior das loucuras Sai o filho sem fechar a porta e nem olhar pra trás Carregando dez mil quilos nos calcanhares O peso tamanho que a parede se enverga, e a porta se estrebucha. Logo antes, só permanece o calor Aquele olhar cansado e cheio de ternura Invisível. Vigilante. De mãe. - Leva um casaco, está frio lá fora.