Da porta do meu lar
No meio da sala de estar
Avisto todo dia o abismo
Este, que é lugar sombrio
Sonoro e repleto de textura.
Sei que lá de dentro
Cresce vasta vegetação
Existem homens ajoelhados
Elevando ao céu a mão
E mulheres plenas de potência
Fingindo ser bravura sua carência.
Aqui, em casa, vivo só
A vida só se vê ante sua borda
Essa existência divina, quase vazia
Essa voz que me preenche todo dia
Contemplo o abismo por mais que eu queria
Até que de repente, o que acontecia:
Ele toca a campainha
Chega de chapéu e de casaco
Coloca os seus pertences no sofá
Dá-me um abraço familiar
Levanta, ordena, e serve-me um chá!
Comentários