Há um lugar
Que quero sempre visitar.
Que clama por mim
Ou quem o clama sou eu?
Um pedaço de chão
Recôndito, recluso, difícil de encontrar.
Esse lugar, simples lugar.
Um pedaço de terra
Um arbusto aqui, outro ali
Salpicada como tempero
E as flores que você plantou
Para você colher.
Esse lugar que se confunde
Com o conforto cálido do ar
E a maciez lívida do toque
E o aroma doce do hálito
Um lugar que afaga a inquietude
Que transforma o solo que míngua
Em um caudaloso açude.
Há, que pareça sonho, um lugar assim
Onde as vozes soam
Como o primeiro pranto da aurora
E as teias de luz que se desenham
Para embalar o renascer.
E lá chegando, deitaremos na grama
Não sentiremos vergonha
Nem da lágrima
Nem da mágoa
Nem da vontade de sorrir.
Largaremos para trás
O fardo venenoso da memória
E faremos do presente momento
Uma nova história.
Lá, no lugar embrionário
Teremos a plena certeza
De que repousamos no olhar
A nossa sincera natureza.
Há algo assim, de Belo
De extraordinário
Há, no infinito dos grãos de areia
E na dimensão estelar inacabada
Há, no caminho da luz
A infinita brevidade da estrada
E ainda assim
A voz falha em pronunciar
Você
Aqui
Eu
E O lugar
Terno
Vazio
Completo
Nosso
Do lar que nos resta.
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