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Constelação

Quando eu olho pro céu
É mais ou menos assim
Esse brilho que de vez em quando some
Tem estrelas que brilham mais que as outras
Tem estrelas que eu nem vejo
Será que alguém vê estas estrelas que ninguém vê?
De algum lugar desse mundão?
Que exista uma ponta?

Mas esta estrela que não está lá
Não deixa de estar
Ainda assim, eu temo pela minha importância
De certa forma é assim
Estrela que brilha
Estrela que some
Estrela que sempre está no céu

Tem estrela que nasce pra brilhar e ser mais vista
Tem estrela que só existe
Mas pra mim, é estrela mesmo assim
Como eu amo todas as estrelas!

Mas daqui debaixo eu tento
Acalma
É só contemplar
Contemplo

Meu versinho meu universinho
Cabem todas as palavras que eu puder
Sou só uma

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

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A Praça

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