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O Intento Impossível

Uma música

Uma lembrança

Um sabor de última dança.


Um toque de esperança

Um beijo de saudade

Um desejo, uma vontade

Um sentimento de verdade...

Ou um engano da idade?

Não importa, saudade.


Um medo ou egoísmo?

O eu mesmo ou altruísmo?

Uma noite de paz

E mais duas de tormento.

Um suspiro cor de seda

E mais outro de renúncia

Suplicar como prenúncia

De um novo mundo igual.

Outro medo, uma denúncia.


Sabor de mel insosso

Passos tortos de uma vida

Que nos dói até o osso.


Uma voz que é a paz

E um silêncio, o tormento

Quanto menos se quer mais

Até o limite do rebento

Do amor que satisfaz

Como a gota ao sedento.


A coleta de migalhas

Que espera que um dia

De verdade ou de mentira

Forme-se uma regalia

Que acalme essa ira.


Uma raiva do impossível

Uma crença no incrível

Solidão indescritível

Coração indestrutível

Sentimento invencível.


Uma música

Uma dança

Uma lembrança, um presídio.

Um toque único de amor

Com sabor de suicídio.


Um olhar que se esquiva

E mais outro que se perde

Um semblante de estátua

Do mais belo branco gesso

Com seu interior oco

Ou de rígido maciço.


O meio toque sóbrio

Ou o descuidado bêbado

O andar cambaleante

Batimento inconstante

O tremor ar sufocante.


O excesso de palavras

A garganta dolorida

Desperdício de uma vida

Uma lembrança esquecida

De uma alma corrompida.


Um cheiro de saudade

Um toque de verdade

Um segundo, eternidade

Um amor de verdade.

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.