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O Intento Impossível

Uma música

Uma lembrança

Um sabor de última dança.


Um toque de esperança

Um beijo de saudade

Um desejo, uma vontade

Um sentimento de verdade...

Ou um engano da idade?

Não importa, saudade.


Um medo ou egoísmo?

O eu mesmo ou altruísmo?

Uma noite de paz

E mais duas de tormento.

Um suspiro cor de seda

E mais outro de renúncia

Suplicar como prenúncia

De um novo mundo igual.

Outro medo, uma denúncia.


Sabor de mel insosso

Passos tortos de uma vida

Que nos dói até o osso.


Uma voz que é a paz

E um silêncio, o tormento

Quanto menos se quer mais

Até o limite do rebento

Do amor que satisfaz

Como a gota ao sedento.


A coleta de migalhas

Que espera que um dia

De verdade ou de mentira

Forme-se uma regalia

Que acalme essa ira.


Uma raiva do impossível

Uma crença no incrível

Solidão indescritível

Coração indestrutível

Sentimento invencível.


Uma música

Uma dança

Uma lembrança, um presídio.

Um toque único de amor

Com sabor de suicídio.


Um olhar que se esquiva

E mais outro que se perde

Um semblante de estátua

Do mais belo branco gesso

Com seu interior oco

Ou de rígido maciço.


O meio toque sóbrio

Ou o descuidado bêbado

O andar cambaleante

Batimento inconstante

O tremor ar sufocante.


O excesso de palavras

A garganta dolorida

Desperdício de uma vida

Uma lembrança esquecida

De uma alma corrompida.


Um cheiro de saudade

Um toque de verdade

Um segundo, eternidade

Um amor de verdade.

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Erospectro

Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição. 

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