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Poema de Três Acordes

Desperta o som antes do dia Desperta a rainha. O cheiro vai andando pela casa Café fresco e pão fresco Dia duro Os sonhos vão ficando no travesseiro E uma força insistente espera, ao lado da cama. Dia duro Tristeza... fica do lado de fora.

Migração

Caminhando Ando E ando. Tanta flor diferente Tanto jardim igual Vê-se de todo muro Vê-se de toda cor O mesmo suspiro velho E os mesmos ônibus cheios De espíritos vazios A mesma garagem o mesmo quintal. Pôr-do-sol Igual em todo lugar Diferente em todo olhar O olhar voa... Ê saudade...

Não-futuro

Viagem à terra sagrada de Xaltocan - Chegamos em Buenos Aires! Olha o mar... - Cordilheira dos Andes! Olha o mar... - Miraflores! Olha o mar... - Montserrat! - La Capilla del Hombre! - Canal do Panamá! - Cidade do México! O mar... Jamais conseguimos partir daqui.

A Chave

Catedral da minha vida Nébula ulular distante O ditame da insegurança A ditadura da incerteza Bato à porta e aguardo a pergunta: nada soa Bato à porta e aguardo a segunda nada evola Bato mais forte e o coração agita Esvaece um perfume augure E só retorna, reboa Alguém aí? A porta abre, ouço passos adiante A cada passo meu, um passo atlante Ouço um passo retornante Alguém lá, além Ou eu aqui, avante? A chave jaz ilesa entre o invisível
A música é a última coisa que pode fazer um homem desolado na vastidão de sua miséria sorrir novamente. A música é a última coisa que pode denunciar se ainda nos resta algum vestígio de humanidade. A música é a última coisa que pode nos restabelecer sem pedir licença.

Há mar gura

Um coração ferido soa Como o canto melancólico no oceano Ecoa de dentro em adiante De dia em mês, de ano em ano Basta visitá-lo de passagem Quando a gente para pra escutar Como quem é arrebatado Escuta só: Ouve essa melodia distante e maldita Alguém ainda lamenta sem motivo lógico E há tristeza, mágoa, angústia e ódio É algum espírito desamparado Que às vezes vagueia solitário E pede compaixão e liberdade. E como se curar desta maldade? Como fazer com um suspiro final Enxugando a última lágrima que destrói O mais orgulhoso dos homens Esquecer dos verdes bons anos? Não houve toque debaixo d'árvore Ou bonsai que sobrevivesse Não houve música que tocasse E pudesse deixar que caísse Sem que o espectro durasse Sob essa energia esquisita. E para onde quer que o olhar relance Num vácuo de memória lá estará Aquela imagem distorcida e tão antiga, e tão doída. E uma pergunta sem sentido Por que ali reside? Tudo por uma atitude sadia Crendo na bondade dos

Truth

Truth is not in the news, nor in the books, or science, or religion, or society, or factual events of life.  Truth is in your inner and deep opinion about all these things.  Everything else is a diversion of truth.

Xadrez

Já me habituei a escrever sobre coisas que só eu entendo. O mundo é a cada turno, mais e mais individual. Eu sou uma prova disso. Só escrevo coisas sobre mim. Andamos feito cegos em busca de uma visão, e como cegos, em busca de uma esperança. Cremos no companheirismo, e deixamos para lá os maus assuntos. As nossas idéias filtram os males do dia-a-dia, e nos impulsiona para o futuro. Temos um propósito, temos um motivo para viver. Porque Deus parece não querer nos dar este motivo. Ele está silencioso, cada vez mais inaudível e profundamente incompreendido. Não creio nas respostas, creio apenas na vida. Sinto-me cada vez mais só, em um tabuleiro de xadrez preto e branco, às vezes marrom. Tabuleiro de mármore, empoeirando. Sinto-me cada vez mais, uma simples peça de mármore.