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Entre as Brumas Incógnitas da Vida

 Entre as brumas incógnitas da vida Descansava-me em plena inconsciência No aconchego da mórbida demência Tu, existência ainda inconcebida Porém, em pleno sonho não lembrado Despertada a vítima, que tormento Para causar a dor e desalento E o gozo metafísico roubado. E jogado cá nesta vida, agora Refletindo pra onde vou embora, Sofro a dúvida eterna universal: Do meu berço para a vida que estoura? Terra inópia lar para almas agouras? Nós herdeiros do desvelo do mal?

Brasil

Aqui é a terra linda Menstruada. Ferida pelas mãos estúpidas Terra de nada e de ninguém, desde a primeira dúvida. Mas todos querem o que aquém. Lugar onde todo mundo é cego; E minhas vós já diziam que em terra de cego, quem tem olho é Rei. Mas nosso rei é bobo, E o bobo é artista E o artista, ladrão E o ladrão, é rei... Que pena. - Vagabundos! Vão trabalhar! - Os circos já fecharam meu senhor – que tristeza bufão. Agora só lhe resta soprar fogo nas calçadas, pois sua roupa é sem logotipo. Terra de surdo que ouve mais, Gente sã anestesiada com as epidermes formigando por aí Cheias de palavras redondas rolando ouvido abaixo. Mas ta cheio de vocabulário magro, faminto, pedindo pelo amor de        [Jesus Cristinho um dicionariozinho pra alimentar o léxico  [estomacal. Vejo a esteira do supermercado Uma mãe carrega o resto de tua resignação nas mãos. Não se sabe o que tem mais vida Se o produto nas alturas exaltado ou a mãe que está no chão. O resto são apenas valores.

Donzela Puta

 Era uma linda donzela matuta,  Nas suas cavalgadas, não mais é pura,  Pois cai a mascara e surge a puta,  Com o advogado que se mistura. Embora que de Cezar tenha a sina  Herdado, foi teu perdão esquecido, Logo de abandonado a menina Tenha no seu amor a fé perdido. Ajuda por apelo não recusa Pois sabe o amor que existia E que à presença antiga não resiste De bode advogado não se usa Da rola grossa nunca desistia E finge que o passado não existe

Genesis 2, 16-17

 Depois de comer da fruta da ciência do bem e do mal, Recordo-me que no meio do caminho, Daquela vida tão jovem...      ...e tão cansada...       ...e tão distante... Obriguei-me a subir no bote da ciência do bem e do mal. Aos poucos, e cada vez mais, O bote ia embora, velejando. A terra ia pequeninando e me deixando maior, ilhado no mar. Tão triste é tudo isso, mas ele se afastava...                  ...tão distante... Que susto de angústia que levei! Quando notei que não, o bote não se afastava. Ficou parado no mesmo lugar que entrei.                         ...e tudo tão distante... No dia que comi daquela fruta, e entrei naquele bote, Certamente morri!

Identidade

Como é dele o mundo do poeta. Pinga como chuva no pantanal:         Dez gotas de salivas efervescidas      Dez contos sobre meninos de rua      Um comentário sobre a beleza da lua... Igual da Vincis e Michelangelos, Dali sai alguma poesia. Nesse mundo Nasce o que se quer nascer, Colhe o que se quer colher, Bebe o que se quer beber, E não há coração para mexer.

A Decente Mentira

Olhar para trás Não passa De olhar pra trás. Olhar para o passado Impossível. Olhamos para nós mesmos Cujo passado se remonta Nas memórias de quem quiser. A história mais bonita é a história que bem me quer.

Giselle

 G-Graça, beleza pueril nos olhos que te vêem, I-Inteligência nobre, a alucinação do além. S-Santidade és, no espírito abençoado. E-E eu aqui, a poetar com liras, às pétalas de teu seio. L-Leves veludosos passos da tua leveza L-Lascivos lábios grossos da tua pureza E-E tu aqui a poetar com liras, ao coração despedaçado.