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Embriagado

Estes olhos profundos, Propagadores do descaso, Conturbam-me a moral. Desde a breve sanidade Ao meu último suspiro de renúncia. Em verdade vos digo, arrependido, Tanto pelo pecado cometido Como pela ação não concebida. Em verdade vos digo Tamanha conseqüência deste erro E como fardo, carrego este legado. Porém por esta noite, (Só por esta noite meu Deus!) Estou apaixonado!

Não-me-esqueças

Edit: 2021 Se antes te ocultava em fragmento Não me nego a dar-te hoje o alimento Adubo em boa terra, flores rosas reprimidas flores Sob a sombra do umbral,  haste a flâmula de muitas cores A moral permanece a minha boca Miosótis o aroma doce do teu peito Perco-me ébria pluma quente no teu leito. E hoje porto a flor azul em minha fronte Não me esqueças, não me esqueças, diamante Lá Flor dos Anjos que já não diferencia Da santa prostituta a flor ou cetro Não me esqueças miosótis não me esqueças. =================================== Original: 2007 Não tenho vergonha de regar minhas flores Que antes negras e reprimidas Sorriem em liberdade sem as pétalas da moral Pois na moral meu sorriso se perde. Quando do perfume de teu peito Me vejo entre as brumas quentes do teu leito E hoje carrego uma rosa em minha fronte Sou um anjo que não distingue os anjos Sou amante dos Anjos.

Cata-Vento

De cima da estante, meus olhos sofriam estáticos: Fitava sempre sorrisos incompreensíveis, cheirando a álcool. E os cata-ventos mudando a direção dos ares. - Peteus, desce da estante meu filho. Ai mamãe, tenho medo dos cata-ventos.

O Sol Nascente

 Quando de teus olhos roubei o pouco do néctar, Trai meu próprio coração. Chorou amargurado despedaçado em dores canalhas. Na quietude, na paz. Viestes do outro lado, Fugindo da guerra. Roubou-me o fôlego Desorientou-me as certezas. Atravessou oceanos, mares inteiros. Continentes montanhosos e argilosos. Matas densas e proibidas,  Atravessou tudo. Para atravessar-me o coração. Já pendurado no balaústre contemplado em admiração. Mas corrompido em impureza e traição. Para Marília Kobayashi

Filhos da Pátria Sacrificada

 Debaixo daqueles castelos tomando meu café O céu estava lindo de um azul da nossa pátria De um azul do nosso mundo ao redor do nosso pé, Debaixo daqueles castelos, tomando meu café. Tomando o café que alguém fez, As caixas dizem que além dos mares existe um horizonte. Com as bestas desconhecidas mas nossos homens valorosos são! Ao pé daqueles castelos tomando meu café.  Existe além dos muros do horizonte, o mundo que não conheço Só me resta crer nos escritos rodapés Ao pé daqueles castelos tomando meu café.  Queimaram as nossas perguntas Dez séculos atrás dos muros da vergonha.  Calaram todas as nossas respostas Eu sou seu Único e verdadeiro Amigo Dois pássaros pousaram na sacada Mas fizeram um grande estrago comigo.  Em nome de Deus, derrubem os castelos Pois não agüento mais plantar café Pra quem não me dá pé.

Mágoa Polissêmica

Vou beber para esquecer as minha mágoas Vou viver o modo que não deveria Pobre mágoa, que me fez senão a dor? Mas não posso afogar quem gostaria.  Viajarei em busca de minhas respostas Talvez biltre seja meu futuro nome.  Talvez mágoa o que apoia em minhas costas Talvez louco pra que não me sinta fome.  Nossas lágrimas q'ocupam mais espaço Do que a sede de estar além dos anos Mesmo que do meu irmão lhe mate os planos.  Não derrubam, não plantam não nos ensinam Só há poças que a história vai secar Pelo Sol que tristemente faz chorar.

Simples

 Não faça das verdades, o que não se vê no espelho. Tuas faces enevoadas Lábios falsamente rubros Cintura sufocada... Pois o que meu coração nota E como lira teu nome toca, São as belas carnes de teus seios O brilho infantil de teus olhos, Que muda as formas reais do lixo podre, Para um perfumado soar de ventanias campestres. Um apaixonado suar de vozes arfantes. E a respiração rápida, livre e solta, Do teu ventre embebecido Da tua cintura louca. ============================================= (alterado, 2021)  Não faça das verdades, o que não se vê no espelho. Tuas faces enevoadas Lábios falsamente rubros Cintura sufocada... Pois o que meu coração nota E como lira teu nome toca, São as belas carnes de teus seios O brilho inocente de teus olhos, Que muda as formas reais do lixo podre, Para um perfumado soar de ventanias campestres. Um apaixonado suar de vozes arfantes. E a respiração rápida, livre e solta, Do teu ventre embebecido Da tua cintura louca.

Entre as Brumas Incógnitas da Vida

 Entre as brumas incógnitas da vida Descansava-me em plena inconsciência No aconchego da mórbida demência Tu, existência ainda inconcebida Porém, em pleno sonho não lembrado Despertada a vítima, que tormento Para causar a dor e desalento E o gozo metafísico roubado. E jogado cá nesta vida, agora Refletindo pra onde vou embora, Sofro a dúvida eterna universal: Do meu berço para a vida que estoura? Terra inópia lar para almas agouras? Nós herdeiros do desvelo do mal?

Brasil

Aqui é a terra linda Menstruada. Ferida pelas mãos estúpidas Terra de nada e de ninguém, desde a primeira dúvida. Mas todos querem o que aquém. Lugar onde todo mundo é cego; E minhas vós já diziam que em terra de cego, quem tem olho é Rei. Mas nosso rei é bobo, E o bobo é artista E o artista, ladrão E o ladrão, é rei... Que pena. - Vagabundos! Vão trabalhar! - Os circos já fecharam meu senhor – que tristeza bufão. Agora só lhe resta soprar fogo nas calçadas, pois sua roupa é sem logotipo. Terra de surdo que ouve mais, Gente sã anestesiada com as epidermes formigando por aí Cheias de palavras redondas rolando ouvido abaixo. Mas ta cheio de vocabulário magro, faminto, pedindo pelo amor de        [Jesus Cristinho um dicionariozinho pra alimentar o léxico  [estomacal. Vejo a esteira do supermercado Uma mãe carrega o resto de tua resignação nas mãos. Não se sabe o que tem mais vida Se o produto nas alturas exaltado ou a mãe que está no chão. O resto são apenas valores.