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Esfinge

Calçadas de passear Calçadas de atravessar daqui para lá Um prédio Muitos prédios Uma placa Muitas placas Carros, motos, pernas e bicicletas Pessoas passam diante das lojas Pessoas param diante das lojas  Passeios param diante de pessoas Paradas diante das calçadas As vitrines observam  As câmeras registram E a penumbra do excesso diz-nos no fundo do consciente: Decifra-nos, ou devora-te a ti mesmo.

Contra a "Bundamolização" da Crítica

Aqueles que acessam a internet, e que acessam notícias jornalísticas, e também que acessam, especificamente, ao portal de notícias Yahoo, e que acessam as colunas de crítica musical, e por fim, acessam (ufa...) a coluna crítica de Régis Tadeu, talvez tivessem sido brindados na semana passada com o seu artigo sobre A Banda Mais Bonita da Cidade. Bem, antes de começar a escancará-la, gostaria de fazer uma pausa para voltar no tempo da minha própria vida. Graças aos desgraçados amantes da dúvida, que pouco se conformam em aceitar como definitiva a sugestão das teorias ilustres dos mais destacados gênios do país, eu criei este mal hábito de discordar, especialmente quando me deparo com uma avalanche de obscuridades à razão do atual momento da inteligência brasileira. Acabou a pausa, agora de volta ao artigo. O que me dá a vantagem de poder falar livremente sobre a crítica de Régis Tadeu é que, em primeiro lugar, eu não sei quem é Régis Tadeu. Não sei o que ele fez da vida para se

Diafonia

Não à taciturna voz dos poetas em decadência Não ao discurso com começo, meio e fim Não ao passado memorial contemplado pelos fiéis da dor Não aos deuses que como tributo ao sofrimento pedem-nos mais sofrimento Não à negação dos que não devem ser negados E que pedem como exemplo O da pessoa de olhar profundamente triste que todos os dias bebe um café de padaria [apenas para ter a sensação do riso fácil do funcionário que foi treinado a rir para as pessoas. O que telefona para o serviço de atendimento e pede socorro. O que dirige ao trânsito, caçando olhares no congestionamento. O que vai ao parque de imaginações e joga migalhas aos que por ali passam. Que adquire sobrecasacas de brechó e sente o aconchego familiar de outrém. O daquele que parece louco, por conversar com plantas ou animais. Os que não querem abandonar as camas dos hospitais pelo medo das salas vazias O que passa horas no escritório para passar as horas de ficar em casa. Não ao p

A Onça do Kayapó

Seu primeiro acróstico amor meu! Kayapozinho acredita na onça Acendeu o fogo pra sentir o calor Raspou nas pernas a tigela do urucum Inventou umas redes para se deitar Ninando o sono da Cuiatã Abrindo o lábio em sonho apaixonado.

Ode ao Mundo

I Ponto Onde toda história tem começo Num só ponto. Uma história É igual a um Monte De pontos Desordenadamente Diferentes. II Não tenho olhos ou olhar Ou não tenho ouvidos Ou não tenho amigos? Carrego o sobrepeso Desta incansável dieta O peso sobressalente Do peso sobrevalente Mundo Saida das minhas costas! A mim não me pertences Com toda sua extensão E todo o seu mundo. III Quando Cabral descobriu Sozinho as terras distantes de além mar A sua descoberta marcou Ponto. A história de Cabral Não é a minha história. Mundo vá viver a sua vida E saia do meu carro de carga Que comprei Em liquidação De carregar o meu sobrepeso. IV Entenda, mundo! Deixa eu sorrir meu sorriso E chorar o meu choro Mundo... Cheirar alecrim E sem perder a sanidade Querer que seja o bicarbonato Mas com nome de sal de praia E sabor de areia de conetelação. V Estrelas, estrelinhas Contem nossos sonhos Sem contermos

Memória

Caiu o panelário ao chão Fez um barulho estrondoso Que deixou os deuses com ciúmes. Mil homens correram para lá Pisoteando trapos De outros mil homens Cuja glória inventada Resumiu-se a um resto de poeira Bem decorado na minha memória. Sozinho não existimos. Nos jornais Na tevê Nas redes O silêncio.

Lirismo de Caridade

Estou escondido amigos Digo-lhes Escondido! Não vivo de verdade Aquilo que em verdade Vos digo! Os Josés de quem falo por aí? Não os conheço, Mal os vejo. Aprendi efetivamente. Efetivamente! A sombra? Não vejo A esquina, as vielas, o beco? Por eles não passei. Senti medo, amigos, medo! Quando menino, abri meu livro de ciências Vi uma figura de bactérias Invisíveis, dizia o livro. Senti medo Lavei as mãos Lavo as minhas mãos até hoje! Mas onde estão as bactérias? Por que sempre um José? Não posso falar de um Carlos? Por que o dono das mazelas Das desgraças Das boca de fome Das mãos que pedem Das mãos que tremem Dos olhos que choram Choram? Imploram! Nessa poesia aqui Não pode ser um Fernando? Que tal um Manuel? Tantos Manés existem aí Para falar de miséria. Mas para falar de verdade Nunca um Manuel. Que tal um Mário? O mero Mário! Não, Sempre o José. O inimigo? Um sujeito indefinido

Casamento Real vs Casamento Ideal

Por que o casamento da Duquesa Kate fez tanto sucesso em mídia? Refletindo sobre isso, cheguei a uma conclusão modesta: é um clichê histórico quando a classe da elite lança holofotes sobre si mesma para fazer propaganda do seu modo de vida para as demais classes. A população procura se espelhar nos ícones, na esperança de que, com o seu trabalho justificado pelo acúmulo de bens materiais, um dia poderão usufruir do glamour e dum momento idealizado conforme estipulado pela própria classe elitista. Os orgãos de poder nos vendem o pólem de contos de fadas que provavelmente nunca poderão acontecer. Contos de fadas são feitos de recortes. Não importa que seja um tema debatido por todos; o necessário, no meu humilde ponto de vista, é não deixar passar despercebido ao olhar todo o mecanismo que está por trás deste excesso de fascínio. É observar com calma, com tranquilidade, sem permitir que as emoções e as emulsões humanas sejam manipuladas por outrém. Negar a manipulação é admi