Caminha aí, mula do peregrino Nasceu só e morrerá só, comendo sua própria carcaça Enquanto morre, remoerá sua própria morte - Comi capim demais na vida - Fiquei tempo demais de quatro quando deveria ter-me deitado - Fiquei acorrentado demais E saberá com ódio que dali a uma semana deixará de ser alguém E só existirá enquanto outros existirem - Soube da mula? Bateu as patas. E quem te lembrará alguém como não foi Sabendo que teu ser só a ti será? - Tão boa... - Tão má! - Me devias - Me pagava - Me fazia. Uma mula serve apenas para ser mula E sabe como ser mula E anda como mula, senta-se como mula, sente-se como E ali que vemos a mula e sabemos quão mula é E sem que haja a dúvida ainda perguntamos - És mesmo uma mula?