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Sangra

Acho que tem alguém me olhando por aquela janela. Shh escuta. Nossa, escutar o que? Ele não tá nem fazendo barulho... É que as coisas vem me deixando assim mesmo, desorientada. Já ouviu da última? Que quem comete a gafe é que demanda piedade e exige perdão? O perdão agora é assim, saldo, liquidado, sem luto e sem nada. Que se exploda sua alma que sangra, se é sangue de dor, de hímen, de menstruação, daquele arranhão nas costas daquela noite... Se é feito direito é amor, mas se não, é açoite, ainda que seja, é sangue. Como saber distinguir? Cospe e bate na minha cara igual uma... Essa carapuça que não me serve mais, porque na boa, cansei de dar. Andei dando pra caramba por aí, dei mais que prostituta desesperada, mas cadê os meus trocados? Já viu prostituta depois do sexo, fingindo que é feliz, forçando pra ser sua amiga? Sou eu. Mas eu sei que quando você paga, veste a roupa e sai fora, você só vira olha: que gostosa, mas é puta. Todos somos, mas uns lucram mais do q

Verborragia Curativa

Por que às vezes sinto tanto ódio das coisas e a serenidade me cansa? Eu já nem ligo mais pra esse desespero patético das nações em se acabarem em guerra em prol do controle mundial. Existe uma força muito potente em mim que mesmo que me corpo esteja escravizado, o que não é muito diferente da minha condição atual, minha mente nunca deixará de ser livre. A maior evidência que me dou é não temer nenhum tipo de crueldade humana. Que seja, façam-me sofrer por não aceitar seus esquemas sujos, por não seguir suas ideias podres ou sua religião morta, eu realmente não dou a mínima. E não, não é a postura de um mártir, é a visão de alguém que repudia essa classe de seres vivos que se intitula o topo da cadeia alimentar. Mantenho-me vivo porque gosto de mim e gosto do que sou. A minha diversão é desprezar essa corja. Não me importo em ser arrogante, não me importo se essa intelectualidade pareça falsa, não ligo para seja lá qual for a sua análise psicológica perante o meu comportamento
A santa paciência da vida. Esta paciência que em tudo a gente espera, e nada acontece. Grudaram o meu cérebro no teto de uma Igreja Basílica, daquelas altas, em que nos sentimos um grande nada. As coisas simplesmente pararam de fazer sentido, e agora, com pessoas tentando nos trazer de volta ao limiar da ignorância, com um negacionismo da fatídica falta de sentido da vida, isso me cansa ainda mais. Parece que me querem fazer crer que as coisas que eu sei, eu soube erradas, essa atitude fajuta de reescrever a história apenas para comprovar que o que já foi comprovado não pode de fato ser comprovado se for fruto de uma história inventada. Mas como fazer para superar toda essa questão, toda essa problemática? É como se eu visse além da nuvem e pensasse: ok, aqui é fresco, mas o que vem depois? O querer depois, essa insistência da vida. Santa paciência enquanto eu vivo nessa impotência servil da minha condição limitada. Mesmo que algumas pessoas não tenham ciência disso, d

D.D.M.

Destrói-me drástica mania Desde dada melancolia Muito intensa vilania. Este veneno que em silêncio A alma dos mais puros Com sado açoite corrompia. Tem em mim uma trilha escura Basta que se veja com atenção A mancha que pesa o coração Mas eis a clara luz do dia Essa antítese da minha negação Não existe pois explicação Porém é esta que mais mata Uma carne que em plena lustre Inundada em podre embuste.

Estrada

E se alguém me convencesse Que aquilo que visto Está do avesso? Como saberia eu Pobre eu Onde é o fim Onde é o começo? Quem anda perdido por aí Encontra os melhores lugares Mesmo sem querer Vou em busca da esmeralda E só encontro Turmalinas. Mas é verde e bela mesmo assim Só me falta amar-lhe a cor Com mesmo puro e sólido Amor.

Estoura

Sabe quando a gente morde aquela fruta, sem medo, cheio de dentes, morde a polpa, morde a semente, o suco escorre na cara da gente? Pois bem Um dia desses eu vi um cara na rua No escuro Mordia a ponta do muro assim, todo duro Mastigava como um animal Como se não houvesse amanhã As pessoas passam na rua Horrorizadas Faziam "Mas hã?" Esse cara está maluco Perdeu a noção Chama o médico Chama o coveiro Ele mastigava pedra, cal e cimento Disse Calma minha gente, eu sou pedreiro Mas será que é mesmo? Por que um dia desses Vi ele fazendo uma feijoada Será que é cozinheiro? Sabe quando a gente morde uma feijoada Como se fosse a melhor coisa que existisse? Sabe quando vem aquela caipirinha E na vida Nada do que a gente tenta É como algo que a gente desistisse? Aí vem o samba E vem a gente Mas sabe quando a gente tem medo? Sabe quando a gente chora? Então chora Chora Sabe quando tá tudo uma zona? Sabe quando a gente estoura Meu Deus! Minha

Previsão

Encaro meu horizonte Onde lá jaz o meu futuro Vejo meu futuro como se fosse vivo. Vejo a mim mesma além de mim? Mas uma chuva cai Enxarca-me as previsões Destrói as tranças de meus cabelos Perfuma a relva com cheiro de nostalgia As flores no caminho não resistem Mas não se queixam Se quedam. Curvam-se A cada gota De pesar De molhar Aguardam Aguardo. Que sou eu? A chuva cessa Goteja tímida Como que pedindo licença Para se retirar Chega o horizonte no caminho Ou chego eu com meu caminhar? De onde encaro novos horizontes Nada é como é Mas tudo pode ser Sem que eu seja Que sou eu? Que vida maravilhosa.