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Redundância

 Vai o poeta rolando a ladeira Passa por si mesmo Bate na cadeira Volta pelo povo Para na madeira E vai o poeta rolando na cadeira Bate pelo povo Passa na madeira Volta por si mesmo E volta pra ladeira E volta o poeta rolando na madeira Bate em si mesmo Chora na ladeira Volta pelo povo Morre na cadeira.

Mundo

Daí de baixo de tudo Com olhos virgens Boca baba Respira e arfa. Coraçãozinho brando Sonho meu mundo infantil O petróleo baixou o preço. Mas tem o sapo perto da guia A bolinha rolando na pia O doce grudando na mão O balão no infinito sumiu! Sonho meu mundo infantil.

Casa de Espelhos

Desperta da erupção Tuas mãos leves tocam meus ouvidos Ardem ainda as marcas nas costas Escorre-me a vida pelo lençol Sorriso débil de encantamento Mas é um espanto! Choro convulsiva desespero! Apavorada por ingrata atitude Pois trocou todo o amor que tenho Por essa vil casa de espelhos.

J'aime la femme

E s cusa-me imenso amor, oh Lídia D e sfaço da minha vida inteira E x cessos de estupor, perfídia M o mentos de mania trigueira. E c rustrada no canto do quarto V o u remoendo as faces molhadas A m adas vezes gestos amada E por vezes sempre apedrejada S a lvo teu amor pela certeza A m enizada sempre beleza F o me sentida pelo teu beijo O r a de amiga, ora desejo.

Noites

Parto do egocentrismo esmero rutilante Palavras sem sentido vulcões erupções Artes geográficas parábolas diastráticas Meninas solitárias vis acontecimentos Espaços vazios erros tormentos Tudo o que eu quero é um beijo seu Tua boca rósea de seda Teus medos morais Tuas vozes imortais O amor à minha imagem e semelhança.

Às Flores

Quem olhar para o céu agora Verá uma aura cor de rosa Cor de qualquer coisa Como o arco-íris. E qualquer seria se fosse qualquer coisa O mel em meus lábios É ferrão nos dos outros Pois olhos de flechas Não atingem a armadura dos nossos corações. E estes mesmos olhos que consigo colidem E qualquer coisa não verão Pois o amor que falsamente se propaga E nestes vis olhos se estraga Como doce fruto em meu peito se aloja. Trazendo-me das mais impuras noites Desde as mais insanas orgias Em alucinações céticas embrigadas. O mais doce canto de tua mãe Sob a relva que repousa tuas angústias O mais puro encanto de meu pai. O mais doce néctar de teu ventre.

Dor e Amizade

Teus olhos me lembram o tempo da escola E agora debaixo da goiabeira eu faço o madrigal Cada teco de tinta é uma lágrima de lamento Pelos dias que não vivi. Desde o dia destes olhos que eu vi... E para longe foram eles minha raiva carregando Que era máscara para a minha covardia. Vivemos promessas de eternas alegrias, Mas sempre em decepções voltávamos chorando. E não importa Com quantas moças ou rapazes nos deitemos, Por que ao fim do dia, quando tudo parecer perdido, Com doces olhos, na real, nos encaremos, E um ou outro suspirando irá dizer: Você vai sempre estar comigo!

Embriagado

Estes olhos profundos, Propagadores do descaso, Conturbam-me a moral. Desde a breve sanidade Ao meu último suspiro de renúncia. Em verdade vos digo, arrependido, Tanto pelo pecado cometido Como pela ação não concebida. Em verdade vos digo Tamanha conseqüência deste erro E como fardo, carrego este legado. Porém por esta noite, (Só por esta noite meu Deus!) Estou apaixonado!

Não-me-esqueças

Edit: 2021 Se antes te ocultava em fragmento Não me nego a dar-te hoje o alimento Adubo em boa terra, flores rosas reprimidas flores Sob a sombra do umbral,  haste a flâmula de muitas cores A moral permanece a minha boca Miosótis o aroma doce do teu peito Perco-me ébria pluma quente no teu leito. E hoje porto a flor azul em minha fronte Não me esqueças, não me esqueças, diamante Lá Flor dos Anjos que já não diferencia Da santa prostituta a flor ou cetro Não me esqueças miosótis não me esqueças. =================================== Original: 2007 Não tenho vergonha de regar minhas flores Que antes negras e reprimidas Sorriem em liberdade sem as pétalas da moral Pois na moral meu sorriso se perde. Quando do perfume de teu peito Me vejo entre as brumas quentes do teu leito E hoje carrego uma rosa em minha fronte Sou um anjo que não distingue os anjos Sou amante dos Anjos.