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Às Flores

Quem olhar para o céu agora
Verá uma aura cor de rosa
Cor de qualquer coisa
Como o arco-íris.

E qualquer seria se fosse qualquer coisa
O mel em meus lábios
É ferrão nos dos outros
Pois olhos de flechas
Não atingem a armadura dos nossos corações.

E estes mesmos olhos que consigo colidem
E qualquer coisa não verão
Pois o amor que falsamente se propaga
E nestes vis olhos se estraga
Como doce fruto em meu peito se aloja.

Trazendo-me das mais impuras noites
Desde as mais insanas orgias
Em alucinações céticas embrigadas.

O mais doce canto de tua mãe
Sob a relva que repousa tuas angústias
O mais puro encanto de meu pai.
O mais doce néctar de teu ventre.

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