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Através do Espelho e o que vi Lá

Poemas perdem o sentido com o passar dos tempos. Perdem o sentido para quem escreveu, pouco depois para quem leu, e pouco depois perdem o sentido no seu contexto. Nada mais natural. Eis uma prova não empírica de que as coisas realmente se transformam... e ao mesmo tempo não! Um poema escrito há cinco séculos pode conversar diretamente com os meus sentimentos atuais. As pessoas são todas iguais em essência, o que muda é a personalidade. Somos iguais, mas é perigoso encontrar vasta semelhança entre nossos semelhantes, porque todos nós sentimos a necessidade de ter identidade. Em um papo com minha irmã esta noite, ela se queixou de que esse mundo está muito igual. Estamos perdendo o assunto, perdendo a direção. Aliás, parece não existir mais direção. Seria como se já houvéssemos alcançado algum certo limite, despejamos tudo isso no chão tal como um vasto mar, e agora estamos nadando desorientados sobre ele, tentando continuar, seguir adiante. Mas e se não houver mais para onde seguir? J

O Relógio Errado

Este é, seguramente, um dos meus primeiros poemas. Fala de relógios mesmo, do passar do tempo descompassado e desmedido. Ou que não se mede, não se aplica à nossa ciência, mas à nossa consciência, ou semiconsciência, ou seja lá como queiramos chamar as coisas. Para tudo o quisermos dar nome, ainda existem coisas que fogem ao nosso controle. O tempo é uma delas. O que nos mantém sob controle está no mais profundo do nosso ser. Este é um dos meus primeiros poemas, e já não importa em qual época ele foi escrito, mas se ele ainda faz sentido. O Relógio Errado Tic, Tac, Tic, Tac Assim vai o relógio Assim vai o tempo Atropelando tudo: O homem, A mulher, A criança. O cachorro, gato, rato O homem e a mulher. Tudo se vai a Lua se vai, o Sol se vai, o Dia... E eu estou aqui! Ou será que estou lá? Às vezes estou aqui, às vezes estou lá Às vezes nem estou! E às vezes não estou sozinho!

Recomeço

Este blog completa 2 anos de existência, pelo menos o do domínio www.cinqbranches.blogspot.com . Depois de alguma reviravolta interna eu me permiti reabrí-lo, mas desta vez, definitivamente, com uma abordagem mais sincera e direta. Qual a finalidade dele? A mais simples possível: falar de mim mesmo. Parece egocentrismo ou narcisismo, mas um certo poeta certa vez me disse que escrever poesias é como se olhar no espelho. Acho que era algo assim. O poeta que me disse isso é um grande amigo meu, o Júnior/Boneca/Jayanta Alves. Depois de um tempo refletindo, acredito que já atingi um grau de maturidade suficiente para poder falar de mim mesmo sem parecer vítima ou sem querer por a culpa nos outros. Geralmente é assim que acontece, porque é mais difícil aceitar os próprios erros. As coisas simples parecem tão banais, mas se pensadas, vemos o quão fundamentais são, e quão mais problemáticas ainda se tornam quando as esquecemos. Por isso retorno tratando das coisas simples. Eu queria e senti

Minha benção na Primeira Missa

E quando tudo acabar No fim da festa um sorriso fugaz Pelo menos. E encara com um desolhar estranho Ao olhar pra traz E querer ter o álcool E alimentar a alegria E desejar estar no lugar De todas as desgraças dos outros, Acreditando que não terei apocalipse Quando abrir a porta de casa. Para quando chegar Cambalear pelas paredes sinuosas E atirar-me incólume à cama E abraçar os travesseiros Conforme meus únicos consolos E me esquecer de que não fui ninguém Enquanto alguém tentava ter O que só a mim pertence.

Yervante

O chão é de pedra Mas a cama é de algodão. O grito é de guerra Mas também é de paixão. Os olhos um dia se perderam Procurando por coisas que não sei Se houveram amores Tu amaste e eu amei. E se houveram dores Também chorastes como chorei. E se houve saudade Que lá atrás eu já deixei (Na memória inevitável) O futuro há de ser mais memorável E as alegrias hão de ser mais brandas. E se houve passado, choro e amor, Já hoje eu já não sei. Mas por hoje posso dizer: Por tudo passarei Por tudo chorarei Por ti Por tudo Amarei.

A Máquina

A Máquina que o Homem inventou Jamais poderia contar Que há homens ainda crianças Que como as máquinas não contam Com o homem que a máquina inventou.

Imagine

Que a vida que pensei ter tido Era a vida que queria ter E que tudo que imaginei ter sido Era a imagem do meu imago ser. No limiar do ser e não viver Do vivo sem me ater As imagens são sem eu querer Imagino os mil mundos sem meu ser Tudo que é sempre irá permanecer. Nego o mundo que nos dói Com razão de convencer Que real é aquilo que eu planto Enquanto imagino o que não há de florescer. Flores às imagens mortas Às pinturas tortas e sem rumo E às poesias embrigadas de perfume! O real do mundo é açude com cardume. Mas ora... uma porta.
E que eu nunca me esqueça que a vida se refaz num instante E deste dia em diante a vida passada fica mais distante E cada vez mais distante estarão os nossos erros.
Olhos de amêndoa Coração de pedra Mãos de algodão Perfume de sangue.   Olhos de pedra Coração de algodão Maõs de sangue Perfume de amêndoas.   Olhos de algodão Coração de sangue Mãos de amêndoas Perfume de pedra.   Olhos para mim Coração para ti Mãos para nós Perfume que embriaga.   Para sempre Para anáguas Amar-te até a morte Plena vida e perfeição.