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Música

Este final de semana o projeto que criei e onde eu toco participou do Festival de Música do Jardim Ângela, ou Jardim Ângela Music Festival, como preferirem. Foi empolgante de certa forma participar do festival, ver o nome de um projeto meu sendo mencionado por outras pessoas, tendo repercussão na internet (embora que ínfima, mas teve), e saber que ao menos algumas pessoas gostaram. Estivemos de certa forma desfalcados, o nosso baterista teve um grave problema familiar e não pode comparecer, então encaremos apenas o Júnior e eu. Tivemos coragem em tocar o Samba da Inês e o mantra Kali Kali sem acompanhamento de percussão, o que deixou a música de certa forma insôssa. Depois de um tempo tocando com o Fábio, eu não consigo imaginar as músicas com outras pessoas. Podem conferir algumas no meu outro blog: www.calangotrio.blogspot.com Não passamos na segunda eliminatória, ainda não sabemos os pontos das nossas falhas. E eu fiquei desapontado a princípio. Mas depois de pensar muito,

Perene Melancolia

Você já percebeu como às vezes a nossa vida ocidental nos cobra demais para vivermos? Já percebeu que tentamos chegar a um consenso, embora muito mais nos deixemos arrastar pelas companhias, acontecimentos, momentos, sem pensar muito sobre tudo o que está acontecendo? Como se a vida não estivesse sendo vivida, mas, situações sendo despejadas, uma após outra, no nosso colo, descontroladamente, semelhante a um caminhão que descarrega a sua carga sobre nós, que, em nossa miúda fraqueza, resta-nos sufocar? Não importa o que façam para melhorá-lo, o mundo é cruel e implacável. Ele não espera. Estamos todos indo, eternamente até que a morte nos separe desta obrigação inconsciente. Vamos caminhando, como loucos ao encontro de nada. Quem é que nos joga nesse penhasco onde não conseguimos enxergar o chão? Quem é que nos atira do céu, sem pára-quedas, para quando quedamos, sentimos com tanta intensidade no nosso espírito que nos faz menores, pequeninos e indefesos diante de tamanhas tantas

Através do Espelho e o que vi Lá

Poemas perdem o sentido com o passar dos tempos. Perdem o sentido para quem escreveu, pouco depois para quem leu, e pouco depois perdem o sentido no seu contexto. Nada mais natural. Eis uma prova não empírica de que as coisas realmente se transformam... e ao mesmo tempo não! Um poema escrito há cinco séculos pode conversar diretamente com os meus sentimentos atuais. As pessoas são todas iguais em essência, o que muda é a personalidade. Somos iguais, mas é perigoso encontrar vasta semelhança entre nossos semelhantes, porque todos nós sentimos a necessidade de ter identidade. Em um papo com minha irmã esta noite, ela se queixou de que esse mundo está muito igual. Estamos perdendo o assunto, perdendo a direção. Aliás, parece não existir mais direção. Seria como se já houvéssemos alcançado algum certo limite, despejamos tudo isso no chão tal como um vasto mar, e agora estamos nadando desorientados sobre ele, tentando continuar, seguir adiante. Mas e se não houver mais para onde seguir? J

O Relógio Errado

Este é, seguramente, um dos meus primeiros poemas. Fala de relógios mesmo, do passar do tempo descompassado e desmedido. Ou que não se mede, não se aplica à nossa ciência, mas à nossa consciência, ou semiconsciência, ou seja lá como queiramos chamar as coisas. Para tudo o quisermos dar nome, ainda existem coisas que fogem ao nosso controle. O tempo é uma delas. O que nos mantém sob controle está no mais profundo do nosso ser. Este é um dos meus primeiros poemas, e já não importa em qual época ele foi escrito, mas se ele ainda faz sentido. O Relógio Errado Tic, Tac, Tic, Tac Assim vai o relógio Assim vai o tempo Atropelando tudo: O homem, A mulher, A criança. O cachorro, gato, rato O homem e a mulher. Tudo se vai a Lua se vai, o Sol se vai, o Dia... E eu estou aqui! Ou será que estou lá? Às vezes estou aqui, às vezes estou lá Às vezes nem estou! E às vezes não estou sozinho!

Recomeço

Este blog completa 2 anos de existência, pelo menos o do domínio www.cinqbranches.blogspot.com . Depois de alguma reviravolta interna eu me permiti reabrí-lo, mas desta vez, definitivamente, com uma abordagem mais sincera e direta. Qual a finalidade dele? A mais simples possível: falar de mim mesmo. Parece egocentrismo ou narcisismo, mas um certo poeta certa vez me disse que escrever poesias é como se olhar no espelho. Acho que era algo assim. O poeta que me disse isso é um grande amigo meu, o Júnior/Boneca/Jayanta Alves. Depois de um tempo refletindo, acredito que já atingi um grau de maturidade suficiente para poder falar de mim mesmo sem parecer vítima ou sem querer por a culpa nos outros. Geralmente é assim que acontece, porque é mais difícil aceitar os próprios erros. As coisas simples parecem tão banais, mas se pensadas, vemos o quão fundamentais são, e quão mais problemáticas ainda se tornam quando as esquecemos. Por isso retorno tratando das coisas simples. Eu queria e senti

Minha benção na Primeira Missa

E quando tudo acabar No fim da festa um sorriso fugaz Pelo menos. E encara com um desolhar estranho Ao olhar pra traz E querer ter o álcool E alimentar a alegria E desejar estar no lugar De todas as desgraças dos outros, Acreditando que não terei apocalipse Quando abrir a porta de casa. Para quando chegar Cambalear pelas paredes sinuosas E atirar-me incólume à cama E abraçar os travesseiros Conforme meus únicos consolos E me esquecer de que não fui ninguém Enquanto alguém tentava ter O que só a mim pertence.

Yervante

O chão é de pedra Mas a cama é de algodão. O grito é de guerra Mas também é de paixão. Os olhos um dia se perderam Procurando por coisas que não sei Se houveram amores Tu amaste e eu amei. E se houveram dores Também chorastes como chorei. E se houve saudade Que lá atrás eu já deixei (Na memória inevitável) O futuro há de ser mais memorável E as alegrias hão de ser mais brandas. E se houve passado, choro e amor, Já hoje eu já não sei. Mas por hoje posso dizer: Por tudo passarei Por tudo chorarei Por ti Por tudo Amarei.

A Máquina

A Máquina que o Homem inventou Jamais poderia contar Que há homens ainda crianças Que como as máquinas não contam Com o homem que a máquina inventou.

Imagine

Que a vida que pensei ter tido Era a vida que queria ter E que tudo que imaginei ter sido Era a imagem do meu imago ser. No limiar do ser e não viver Do vivo sem me ater As imagens são sem eu querer Imagino os mil mundos sem meu ser Tudo que é sempre irá permanecer. Nego o mundo que nos dói Com razão de convencer Que real é aquilo que eu planto Enquanto imagino o que não há de florescer. Flores às imagens mortas Às pinturas tortas e sem rumo E às poesias embrigadas de perfume! O real do mundo é açude com cardume. Mas ora... uma porta.