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Substância: continuando sobre comunicação...

Desde que me coloquei a pensar sobre esta questão, lembro um pouco da proposta dos Concretistas. Aqueles poetas que escrevem (ou desenham) poesias. Afinal o que querem eles? Fazer-se entender de qual forma? Pois esta é a chave, a forma da forma. Num texto escrito é difícil captar a idéia. O poema concreto, pelo que pouco pude pensar, extrapola os limites da leitura gradual. A leitura de um poema concreto faz-se do todo, pois a imagem também diz muitas coisas. O que querem eles afinal? Bem, refletindo sobre esta questão eu pude perceber uma ponta de crítica ao texto tradicionalista, que é este mesmo que escrevo agora. O escritor diz mesmo tudo o que quer dizer? Não quereria ele, manipular a nossa visão e nossa opinião sobre determinado assunto em favor de uma causa que vai além de sua causa individual? Sociedade não é nada sem grupos. Idéias não são nada sem força. Uma idéia sozinha vira mentira, ou divagação. Uma idéia em dupla vira complô, ou vaidade. Uma idéia em conjunto to

Denúncia

Comunicar através das palavras é uma tarefa impossível. Não há neste mundo entendimento, mas acordo. Entender é uma palavra que não se faz completamente fiel quando pensamos que na verdade apenas absorvemos o que não degenera o nosso espírito. Espíritos frágeis absorvem pouco, tão logo, sabem muito pouco da vida. Apenas sua parcela que lhe é favorável se convém. Mas quando há o espírito forte, que abraça a vida de peito aberto, e sabe do seu sabor amargo e do seu cheiro azedo, este a vive quase completamente. O livre não se preocupa em se prender e nem em prender a ninguém. O livre quer apenas descobrir mistérios, desvendar perguntas, admirar-se bobo da até pequena arte que a natureza tenta nos mostrar. O escravo do mundo e de si mesmo, este tende a pensar que pode se comunicar com alguém. Relacionamento social é acordo, não é comunicação, porque a comunicação no mundo humano sempre é defeituosa, afinal, existe a vontade. Denúncia Comunicar Por que? Quando ouvir

Percepção

Com dois olhares capta-se duas coisas distintas. Ler com dois olhares diferentes é viver dois mundos, viver duas vidas, viver um pouco mais de uma coisa que só poderia ser uma. Mas a vida é tão múltipla e complexa. Isso traz uma tristeza bela. Espero que gostem do poema de hoje que é como eu me sinto quando lembro das passagens de uma adolescência conturbada para uma vida adulta cheia de medos. Só vi um horizonte Só vi a linha torta De uma cidade só Só vi a escadaria De sombras feitas no chão Na sombra de um homem só. Só testei uma tentativa De só ver além E de ninguém ver o que só vi. Só entendi poucas coisas E só compartilhei com todos O que juntos todos já sabiam. Só estabeleci uma regra E só defini uma meta Para os lugares que só chegarei. Só vi um grupo de pessoas Imagens conjuntas de momentos felizes De uma felicidade que não se sente só. Mas só daquilo partilhei À distâncias dos que não estão sós E só senti que o que eles sentia

Esquadro

Olho para o universo E não vejo o universo Não sou nada. Vejo no máximo possível Da mais bem direcionada Um reflexo de minhas intenções.

Se

Quando a água estava ao fogo Não ferveu Não respeitando nossa ciência. Mar imenso Praia imensa Praia intensa A onda foi, voltou, foi de novo. O que veio não vem mais.

Tristeza

Situação assim Quando Deus olha pra mim E diz: "Você é fruto do ser estar Nada te pertence Nada te pertencerá." Um sorriso me toma conta Eu deito e durmo O sono dos que acabaram de nascer E esqueço por um momento Que não tenho para onde ir Nem para chegar Enquanto estou só Num mesmo lugar.

Não tanto pela eternidade Nem pela glória Nem por mim mesmo Por que então? Matéria palavra Sentimento quase consentido Que fica preso Que fica solto Fez-se eterno enquanto pode Nos olhos cansados de tanto trabalho (Quanto trabalho, oh deuses dos confins das religiões que ninguém fala ou ora mais!) Mas que ainda brilham. E por trás de cada olhar sutil Uma vida vive antes Ante a uma ilusão tardia. Não por si própria Nem pela crença Nem pela criança Por quem então? Aquele brilho azul noturno De cair de uma noite lenta Atrasada Silenciosa Sedenta por o que seria mesmo? Aquele olhar de tédio Como um pasto quente, e só verde Cheio de vacas e bois preguiçosos Que me enchem de preguiça. Se não é pela palavra Se não é por nada Por qual destas seria? Pelo quem a vida ainda respira? Do por que que tanto teimamos? De quanto mais viemos e vamos Cai suor, sujeira, choro e sangue Por que ainda tentamos? Quanto mais anos

Olhar-te

No dia 26 de Janeiro os paulistanos que se prezam puderam presenciar um acontecimento muito importante. Não, não falo do primeiro dia após os 457 anos da cidade suja de São Paulo onde eu moro, embora eu a ame sem explicação. Falo do aniversário de dez anos da Cooperifa, o Sarau da periferia que acontece no bar do Zé Batidão, na região da Piraporinha. E, talvez, como comemoração, houve também o lançamento da revista Cooperifa, que registra um pouco da trajetória e dá uma pontinha sobre o que seria a Cooperifa, que em tanto é muito diferente do que quando presenciamos o Sarau. Na Cooperifa podemos ver um exemplo vivo de uma síntese da história que acontece de dentro pra fora. Por anos das nossas vidas empurraram goela abaixo que Dom Pedro I, Pedro Álvares Cabral, os Bandeirantes, e toda essa elite preguiçosa, são os verdadeiros heróis do Brasil, pois foram muito importantes para... bem, nada! Na época a história era uma coisa muito chata. Sempre contaram mal as nossas histórias, por

A Nação

Houve um dia que eu me cansei um pouco da burocracia que envolve o curso de licenciatura. Esse dia foi, de certa forma histórico, só que meus pés não são o limite do mundo, então tanto faz. Acontece que a burocracia do ensino superior para aqueles que buscam a licenciatura é, tão desnecessária, e tão medíocre, que acaba cansando as energias únicas que sobram ao estudante que paga pela sua faculdade, e que deveria se preocupar apenas com o conteúdo do curso. Quem cursa alguma área de licenciatura sabe do que se trata, a extensa lista de disciplinas que despreparam o ânimo do professor para enfrentar um monstro ainda maior e mais feio: a secretaria da educação e o Ministério da Educação. Parece final de Super Sentai! Professores e políticos, em geral, parecem farinha do mesmo saco. Submissos uns aos outros, dependendo de quem tem o interesse mais poderoso do que quem, todos sob a ordem de uma mão mais forte, que é a do Corporativismo. Quero dizer, nos despreparam para desconf

O Carrossel

Enquanto o mundo inteiro não pára por um segundo, enquanto as coisas acontecem porque as pessoas vivem, e não porque algo já esteve escrito, vamos por aí de mãos separadas lutando por uma causa só, mas com a minha percepção do que é correto, ignorando o todo, e juntando diante de mim apenas aquilo que me for conveniente. Pois até mesmo a luta revolucionária, esta que parece já ter manual de instruções de uma causa, junta cabeças que pensam por uma coisa única e jamais por si próprias. Enquanto isso, o altruísmo distante nos faz esquecer da nossa miséria constante. Por mais do quanto tivermos, seremos sempre miseráveis, conformados com nós mesmos e inconformados com os mesmos de nós. O Carrossel Um não pela pessoa Acima de um reflexo perfeito Roda no carrossel perfeito E vaza solidões no centro de si mesmo De um céu estrelado e perfeito. O velho que desce para o mar Encontra um céu azul Cheio de estrelas Longe daqui Cheio de estrelas. Mas no mar das solidõ