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Postagens

A Onça do Kayapó

Seu primeiro acróstico amor meu! Kayapozinho acredita na onça Acendeu o fogo pra sentir o calor Raspou nas pernas a tigela do urucum Inventou umas redes para se deitar Ninando o sono da Cuiatã Abrindo o lábio em sonho apaixonado.

Ode ao Mundo

I Ponto Onde toda história tem começo Num só ponto. Uma história É igual a um Monte De pontos Desordenadamente Diferentes. II Não tenho olhos ou olhar Ou não tenho ouvidos Ou não tenho amigos? Carrego o sobrepeso Desta incansável dieta O peso sobressalente Do peso sobrevalente Mundo Saida das minhas costas! A mim não me pertences Com toda sua extensão E todo o seu mundo. III Quando Cabral descobriu Sozinho as terras distantes de além mar A sua descoberta marcou Ponto. A história de Cabral Não é a minha história. Mundo vá viver a sua vida E saia do meu carro de carga Que comprei Em liquidação De carregar o meu sobrepeso. IV Entenda, mundo! Deixa eu sorrir meu sorriso E chorar o meu choro Mundo... Cheirar alecrim E sem perder a sanidade Querer que seja o bicarbonato Mas com nome de sal de praia E sabor de areia de conetelação. V Estrelas, estrelinhas Contem nossos sonhos Sem contermos

Memória

Caiu o panelário ao chão Fez um barulho estrondoso Que deixou os deuses com ciúmes. Mil homens correram para lá Pisoteando trapos De outros mil homens Cuja glória inventada Resumiu-se a um resto de poeira Bem decorado na minha memória. Sozinho não existimos. Nos jornais Na tevê Nas redes O silêncio.

Lirismo de Caridade

Estou escondido amigos Digo-lhes Escondido! Não vivo de verdade Aquilo que em verdade Vos digo! Os Josés de quem falo por aí? Não os conheço, Mal os vejo. Aprendi efetivamente. Efetivamente! A sombra? Não vejo A esquina, as vielas, o beco? Por eles não passei. Senti medo, amigos, medo! Quando menino, abri meu livro de ciências Vi uma figura de bactérias Invisíveis, dizia o livro. Senti medo Lavei as mãos Lavo as minhas mãos até hoje! Mas onde estão as bactérias? Por que sempre um José? Não posso falar de um Carlos? Por que o dono das mazelas Das desgraças Das boca de fome Das mãos que pedem Das mãos que tremem Dos olhos que choram Choram? Imploram! Nessa poesia aqui Não pode ser um Fernando? Que tal um Manuel? Tantos Manés existem aí Para falar de miséria. Mas para falar de verdade Nunca um Manuel. Que tal um Mário? O mero Mário! Não, Sempre o José. O inimigo? Um sujeito indefinido

Casamento Real vs Casamento Ideal

Por que o casamento da Duquesa Kate fez tanto sucesso em mídia? Refletindo sobre isso, cheguei a uma conclusão modesta: é um clichê histórico quando a classe da elite lança holofotes sobre si mesma para fazer propaganda do seu modo de vida para as demais classes. A população procura se espelhar nos ícones, na esperança de que, com o seu trabalho justificado pelo acúmulo de bens materiais, um dia poderão usufruir do glamour e dum momento idealizado conforme estipulado pela própria classe elitista. Os orgãos de poder nos vendem o pólem de contos de fadas que provavelmente nunca poderão acontecer. Contos de fadas são feitos de recortes. Não importa que seja um tema debatido por todos; o necessário, no meu humilde ponto de vista, é não deixar passar despercebido ao olhar todo o mecanismo que está por trás deste excesso de fascínio. É observar com calma, com tranquilidade, sem permitir que as emoções e as emulsões humanas sejam manipuladas por outrém. Negar a manipulação é admi

Para pepper dizem peperone, para saccos, dizem Sacconi

Sob influência do horror causado pelas redações dos candidatos, o analisador, preso num tempo psicológico de um passado distante, passou a refletir com uma angústia individual. Não eram de ameaças em caráter pessoal que sentia o horror, ainda porque, até segunda ordem, o analisador, por meios de manter a sua integridade física, intelectual, moral e (por que não?) política, era mantido no anonimato pela instituição empregadora do seu renomado cargo temporário de quem diz o certo e o errado das transcrições dos pensamentos. Repletas de idéias atravancadas, recheadas de bobagens e estapafúrdias construções gramaticais, incoerentes, como se fosse adentrar na mente insólita dessa geração perdida, era horror subsequente a horror, a saber, que o primeiro principal entrave para a compreensão estava na insistência do erro. A gramaticalidade estava condenada, pensou, temia pelo futuro do país, pensava nas crianças, nos seus filhos. Temeu ter filhos. Temeu até mesmo desposar uma merecida mulhe

Diálogo Nativo

Diálogo Nativo Hum - fez o menino índio. Nhã - fez o homem índio. Hum nhã - replicou o indiozinho. E saíram pela floresta. Deram as mãos e admiraram o seu reflexo na natureza. Que graça de som! Que cor vermelha! Que grande beleza! Que vento fresco! Que água pura! Que fruta dura! Que terra fofa! Que sons amenos! Levam os pensamentos para além! Ouviram isso de um homem bem vestido Ajoelharam e disseram Amén.
O filho do bom Pai à casa volta... Mesmo na mais escura confusão, uma tímida luz iluminava a minha esperança. Tímida por excesso da minha própria arrogância. Eu sou um dos filhos de Deus, e a Deus sempre pertenceu o meu coração.