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Despedida [ao senhor Jesus]

Na imagem de um deserto impõe-se a mim aquele homem Caminhando em trapos sob vento arenoso Sua humildade antecipa a natureza Sua tez amiga pede-me um abraço Quem diria ao ser Escravo dotado de uma imagem Por um homem que já morreu. Se morro no abismo ou no morro Ou se morro no chão Morrerei só Não me dê consolo ou a mão Se não me puder dar a vida. Largo esta cruz no chão Que na verdade nunca foi minha obrigação Carrego o peso dos próprios ombros E da própria imaginação. O vivo em função do sonho Moribundo caminhante Zumbis zombadores dos passantes Vivo em função do chão. Não, não posso voar Não podes sonhar o viver Vive o pensar. Esse teu pranto desnecessário Repugnante! Comisera-se o teu espelho E nosso espelho não é senão a nossa imagem. Quando morrer não pede o céu Não temais os anais terrenos da divindade Não temais o amoque pela tua falsa liberdade O tempo não passa senão a mudança de todas as coisas De nada vale pintar o instante Que não o

"Pessoas sensíveis esteticamente são pessoas mais éticas" - Viviane Mosé

Agora pergunte-se o porquê de termos uma educação artística e musical tão empobrecida? Pergunte-se por que será que não podemos ter pessoas mais éticas ao nosso lado? A existência de pessoas mais éticas não seria automaticamente a exigência e cobrança por cada vez mais pessoas éticas, uma sociedade justa? Sim, a arte vai curar o mundo, Karina Guedes, ou pelo menos deveria. Arte, conforme você sempre diz, não é plástico pendurado em parede, a arte deve nos sacudir e nos mostrar que as coisas não precisam permanecer como estão. É lugar comum que a política é corrupta, mas por que? Será mesmo por causa do nosso voto ignorante? Será mesmo? Será que não é a permanência, lá, de algo que mesmo nesse intervalo de 2 em 2 anos de eleições nós estejamos sendo coniventes? Talvez aquilo que absorvemos das televisões, das rádios? Talvez a nossa fantasia (que é muito confundida com sonho) de que um dia seremos tão ricos e glamurosos como eles? Será que 5000 anos de história registrada não é o basta
Para um adulto, o maior problema em ser criança é que para eles, elas são indomáveis. A pressa que uma criança tem em ser adulto é para se livrar da opressão de ser criança. Se houvesse menos repressão na infância, teríamos mais crianças alegres, e menos adultos tristes. A adolescência parece uma invenção onde essa pressão se torna bem articulada, confundida com a mudança do corpo. Corpo e mente são coisas tão distintas e ao mesmo tempo tão conjuntas. A mente comanda o corpo, e se a mente é criança, não há corpo que a negue. Só sendo si mesmo para ter a certeza: sou adulto ou sou criança? A natureza é harmoniosa porque sabe se respeitar com naturalidade. Forçar o processo só reflete nossa dependência da produtividade material.
As pessoas clamam enojadas que o Brasil tem 512 anos de história vergonhosa... bem, enquanto continuarmos ignorando a participação popular que aliás, é a verdadeira modificadora da história (embora não sejam os editores dos livros), não vejo perspectiva para um país de verdade, cuja população alienada corre desesperada no encalço de um modelo econômico de países falidos, consumistas, cruéis e criminosos. A começar, o Brasil não foi descoberto, pelo contrário, a terra indígena é que foi invadida e mutilada, e até hoje nós fingimos que eles não existem. Mais, ei, eles resistem!

As Horas Plenas

É necessária muita força, ter consciência de si E ainda ter motivos para sorrir. É preciso muita constância Determinação e relutância sadia Para não se desesperar com nossa própria miséria E ainda viver bem o mesmo dia. Em uma saudação de consternados Com as aberrações que a palavra dita Dissolve o coração amargurado Aquilo que tudo de bom se colhe. O silêncio da alma O tumor dos desonrados. - Honrai as suas loucuras senhores! Pois já é inimigo da liberdade A nossa teimosia aguda. Assim diz o cavaleiro da nossa vontade Brindando com água em copo descartável Mais simples é a luz que bate no chão.

XXX

O julgamento leviano nos priva de conhecermos pessoas extraordinárias. A padronização social proposta pela escola tradicional nos cega o entendimento de que cada pessoa é um ser humano profundo repleto de história e uma cultura próprias, e não um conceito.

O fim de um Narciso

Rodamos morro abaixo como se não houvesse ladeira Sem paredes de vidro Sem o vento oposto Sem casas irregulares Sem haver o que há de haver. Assim de súbito arrebata o oceano Tudo é tão fundo e disforme Uma ordem de algas misteriosas Sombrios sons vindos do além mar Um outro mundo meu Deus A baleia se choca com a superfície Água que é calma teme o álamo Opalas, vidros amarelos, flores acinzentadas Por que não há de ser assim? Sabe-se que o pasto seca no período do "Seja como for" Seja como for, não saberá de amanhã Não mais certo que só será um dia claro Cheio de pouca luz Repleto da ausência distante do canto de um passarinho Sem nuvem branca para cobrir nossa nublagem Certamente vingativas ideias do inconsciente Aquele fator inconveniente da vida. E se antes disso fosse tudo diferente ou apraz? E se antes de aprender a falar eu cheirasse melhor essa terra? Como se fosse algo diferente para trazer pra casa? Quando aprende-se a andar? Até dar n