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Xadrez

Já me habituei a escrever sobre coisas que só eu entendo. O mundo é a cada turno, mais e mais individual. Eu sou uma prova disso. Só escrevo coisas sobre mim. Andamos feito cegos em busca de uma visão, e como cegos, em busca de uma esperança. Cremos no companheirismo, e deixamos para lá os maus assuntos. As nossas idéias filtram os males do dia-a-dia, e nos impulsiona para o futuro. Temos um propósito, temos um motivo para viver. Porque Deus parece não querer nos dar este motivo. Ele está silencioso, cada vez mais inaudível e profundamente incompreendido. Não creio nas respostas, creio apenas na vida. Sinto-me cada vez mais só, em um tabuleiro de xadrez preto e branco, às vezes marrom. Tabuleiro de mármore, empoeirando. Sinto-me cada vez mais, uma simples peça de mármore.

História de uma florzinha invisível

Quem dera podia ver através do tronco d'uma árvore Captar suas entranhas druídicas como Deus imaginou que seria tudo o que só podemos ponderar no começo tudo é fofo e macio nesse chão de terra viva terreno forte terreno sadio então uma florzinha imaginária daquelas que valem a pena crer deita ali e fica Mas não será? A gente pisa por cegueira Por insabedoria dessatisfatória E pior que uma gotinha de sangue uma gotinha de lágrima E quando cai no terreno novo Abre um chão de cimento duro Mas tem chão pra toda hora E a florzinha ainda é nova Respira muito depois que chora E vai Será? no começo é quase tão fofo Quase tão novo e quase tão brio nesse chão de terra que vive Terreno que prossegue e vigora E uma flor madurando vai Daquelas que querem viver Senta ali, olhando para os lados E a gente fala por ignorância Por presunção ingênua indumentária E pior que uma gotinha de lágrima um vento no oco do peito E quando cai no terreno novo Treme,

A mother's mourning of a new January

Drop the flags Drop the flags! Cries the man with no hope But thy deepest pain it  won't cope Drop the flag of deadly lies Leave it whilst where everyone dies The silent look of owl and cat The idea remains while man's in depth For the coffin only it'll enfold The man about himself stories The flighty truth over the sea Buried forever hidden untold. Drop the flag of any color Of any flimsy shallow dream The rose is red on sad tears Of a poor poor mother in huge vent Lost in muttering mourning fears. Drop the flag which kills the soul And as a coffin blanket in the end Will bring as it feels and as it falls. ============================================ Em memória de Rafael

XLIV

Pensando hoje no quanto culpamos a tudo e a todos pelo fato de nossas vidas não serem do jeito que queremos, fazemos de tudo para fugir da responsabilidade que nós somos o nosso próprio guia. Ninguém é responsável pelas suas escolhas, nem seus pais, nem Deus, nem o diabo, nem o Governo, nem a sua mulher, nem o seu filho. Eu pensei nessa frase: "Não terceirize a sua frustração, simplesmente admita a sua incapacidade."

O Sol de Todo o Coração

Neste buraco escuro cai um bichinho belo Cai amendrotado e triste, neste buraco frio De vil espectativa buraco pleno E de venenosos ventos lugar sombrio Bichinho puro, pássarinho vivo Mas morre de medo, morre bichinho Esse mundo não te quer no céu És um rato Uma lagarta Um nada Um verdadeiro nada Pisa na asa da tua consciência Como quem pisa no chão da tolerância Chuta teu estômago forte, saudável Não tens mais estômago. Uma cobra, duas cobras Dez cobras, dez leões Uma manada de quem não quer nada Só que ei, iluminou-te a vida Tu sabes voar bichinho, tu sabes voar E voa. Bichinho não Pássaro. Teu coração o sol pertence.

de uma só vez

Um mundo sem perguntas Caminha livre, aliviado Leve, a brisa calma te leva Escorrega sem acanhamento Num escorrega feito de gelo Cai num poço sem medo Livre da tentação Envolve um vapor sapiente Uma poção de água quente O cheiro e o gosto agridoce Doce como a lágrima caída Como o clamor de viva vivida. Uma forma de mulher nua surge Braços abertos, sorriso seguro O abraço traz o sono, o sonho urge Cai num chão repleto de poeira Ergue e sacode a bela sujeira E segue Fora de si, em paz, na calmaria do cálido arco-íris Num mundo sem perguntas.

A Casa Vazia

A casa vazia Tem um capim fino na porta da casa vazia Mas tem flores e manjericão também! A casa vazia ecoa Alô ô ô ô ô... E volta o mesmo som para os ouvidos de quem soa ô ô ô ô... Num monólogo (ou debate com as loucuras) Quando liberta os demônios que em ti habita E queima a sensação de em si mesmo Sinto que sempre me responde Liquor de Lírios ou Vinho? Vinho... vinho... vinho... Mas tem música e vozes na casa ao lado Tem música e vozes.

A penúlltima Volta do Parafuso

Diante do espetáculo sombrio Dessa gente morta de pouco afeto Pulsa o sangue aberto no pulso frio Como lágrimas vermelhas em chão repleto Verte a gota nesta cama amarga e sombria Como sopram os ventos segundos do dia Em cada pingo em chão o abraço Uma fenda esfumaça a pena se revela E sofre como açoite em velho hábito O cantar de sofrimentos ocultados Não senão pior é o castigo O sofrer sem razão direta, concebida O morrer de pouco sem saber o que te mata Seja em corpo ferido e infecto Seja infeta alma que acorrenta. Ainda sendo o verbo que te maltrata. Não cabe em ti o amargor externo Como se não coubesse nuvem de ressaca Em cabeça de inverno. Ventania, carrega o passageiro solitário Que desloca a poeira dos dias, lentamente Já não será tamanha a dor Não sendo sua ferida aberta. Cede o caminho adiante Ante o obstáculo terno O invível de uma imagem que aprisiona Para liberta a corrente uma palavra basta Uma palavra vale mais que mil imagens Para a libe