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Não vejo países de tal forma Vejo uma mentira insistente E onde há países há ideias Ideias de más formas consistentes. E onde há ideias há verdades Verdadeiramentes. É uma brincadeira de criança Que todo dia deixa de levantar da cama Numa caixinha há o sangue derramado Dos que não entenderam bem as regras E morreram sem pedir licença. Países, A conveniência dos que jamais foram vencidos Convencidos. Valem-se Convalescidos.

Freya

Eis um corpo semi vivo esparramado na cama Ou uma cama sustentando um corpo semi vivo Da preguiça suprema até o desejo sombrio de apagar a luz Quanto tempo leva não se sabe E é a dúvida, a dúvida do que se entra lá ou cá... Então se deixa embalar nessa brisa fria Do sono cansado dos convalescidos. A nuvem é só nuvem A flor é só flor O chão é só chão E o céu é só céu Todo o resto fica preso no sono E é a dúvida Para a decepção dos desesperados Que se espera. E é só espera E só se espera por ela chegar.

Glassworks

Se flutuasse uma pedra Nessa água imensa Como as coisas se diriam? Se cortasse a árvore Com tronco, galho e tudo Mas ela não caísse Como explicaria? Se o vento que ventasse furioso Não movesse nada Ou se todas as coisas na verdade É que movessem o vento? E se o gosto de tudo Fosse do gosto do nada? E se a interrogação Não fosse interrogação Mas pura exclamação De uma simples insatisfação? E se o simples fosse Tão simples ou mais pudera Que fosse tão complicado Que seria simples de se explicar? E se o menino que não sabe nada Soubesse mais do que o necessário Do que é necessário ser sabido? E se nada se formasse Desse nada? E se todo movimento Não tivesse direção Ou toda direção Não tivesse caminho Ou se todo caminho Fosse puro, transparente E sem movimento? E se toda alma fosse cética E todo ceticismo tivesse a fé De que cada alma é como uma pedra Que flutua sobre água E que não se explica E q

Do Pior Abismo

E foi num piscar de olhos que tudo passou de ser E passou a ser de tudo E foi de tudo passando Pra passar sendo. Foi num piscar de olhos Que nessa hora muita coisa mudou A cor da casa As janelas fechadas As portas trancadas Seu rosto no travesseiro Meu rosto no travesseiro O acalento daquele amigo travesseiro. O cheiro daquele bendito travesseiro. E foi também num piscar de olhos Que mudaram os sons Cantos tornaram-se lamentações A música virou ruído O som da noite virou medo O som da casa virou silêncio (De apenas uma porta se abrindo por dia) E o silêncio virou solidão E a solidão virá E virá a morte viva Do horror do renascimento. Num piscar de olhos Mudou o olhar O olhar pela janela na montanha O olhar pro horizonte na beira da praia O olhar para a esperança duplicada E o olhar para o futuro Quando se olha E não se vê nada E olhar para si Quando muito vê Pouco mais que um passo a frente. Metade que sangra Metade que pensa que já foi Alma sia

Estrelas no Céu Escuro

Eu exijo meu direito de, em paz, poder ser triste De sentir aquela coisa amarga e rude Aquela coisa áspera e sem consideração, Uma dor espinhosa, apimentada no estômago, Tão inconveniente e segura de si Uma coisa plenamente certa de que sabe o que quer fazer. Tão sem necessidade de recorte Ou compartilhamento Tão sem filtro ou disfarçamento A mais pura loucura de humanidade Exijo. Exijo que eu possa descer ao fundo do poço E fique lá recostado E que faça amizade com os mais pútridos organismos E que sabote repentinamente até o meu lugar no ciclo da vida Uma vez que a superioridade em ascender Não entende a simplicidade no permanecer, por necessidade. Uns vivem em casas, outros em poços. E quando virar a esquina, e nada encontrar Apenas um monte de desconhecidos Ou apenas um grupo de possíveis semelhantes Ou de semelhantes distanciados Ou de distantes amontoados... E quando virar a esquina, E esperar o telefone tocar, o email chegar Ou quando nada vier na te

Anactesia

Atenta a esta embriaguez plástica Sei que não sou tola meu amor Sei que esse mundo é pura lástima Mas porque corrói-me a coragem pela dor? Se por um momento apenas, Esta alma endócrina Pudesse se livrar de tanta perdição Ser pura, cristalina, leve como a mão De uma poente virgem que em tudo se acredita E extiguisse do mundo cada passo vacilante Cada interrogação. E por esse epítome de vida, viva inteireza Que certos seres nada querem senão provar Um gosto dessa intensa beleza Enquanto prófugos vagabundos vão Daqui desse poço torturante O mortal caminha, furioso Ora consternado, ora questionando Ora vai sem se lembrar E tem hora que até procura aceitar Que mal há, oh espírito convalescido? Que mal faria, se diante dessa tortura errante Pudesse ter o vislumbre da luz mais cálida E que varresse da alma por instante Toda a tristeza, todo o mal Num aviso nobre e que emociona: Minha filha que em mim não crê Crê que aí resido, toma esse corpo Vive uma porção do

Renovação

Distinta forma ou formação Somos formatos da mesma origem Substância de uma mesma necessidade É só uma folha de calendário que se solta É só um comum dia após dia de toda gente que se move Um dia mais velho primeiro Outro dia mais novo depois Nesse aprendizado oscilante Energia vai, nada retorna Angústia de transição Dessa composição insatisfeita Transfere pra mim e pra quem. Esmeralda como uma lagoa Como quero suas águas tranquilas Como quero esquecer o que existo Como quero sarar essa ferida Nesse templo de magnificências O seu ir e vir de águas O esplendor da divindade natural Nesse lugar em que o tempo para E o tempo voa E a vida é bela E a vida é boa. Errado é a prisão do pensamento.

Frase XLVIII

O processo criativo está muito relacionado ao que fazemos no dia-a-dia. A nossa visão de mundo é que dá as direções para aquilo que pretendemos como arte. Se nossa visão de mundo é pobre e infantil, assim será a nossa arte

Lúmen

       Exceto pelas vezes em que desliguei as luzes de casa, fechei as janelas, adornei-me em fantasias e imaginações, eu nunca soube antes o que não era ser só. Mas sou completamente, e só, e plena, mas realizada.          Eu entro aqui no meu quarto, nessa luz, nesse etéreo, e quem vê, vê loucura, vê incoerência ou má função de personalidade. Eu vejo eu mesma, da forma como sou, ainda percebendo em tudo o que falta, aquilo que deveria ainda ser. Muitas coisas hão de vir.          E é tudo muito simples quando eu chego da escola, deixo meus materiais na mochila, sento no meu canto da imaginação e divago o possível impossível da minha cabeça. Sou uma feiticeira, uma elfa, uma maga, uma bruxa com poderes extraordinários e que me salvam dessa loucura toda.          Certa vez me deitei no travesseiro, no chão, olhei para o lado, debaixo da cama, encontrei uma floresta vasta, imensa, desmedida, detalhada, repleta. Música de flauta, tambores e cordas vinham até minha cabeça. Era um r