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D.D.M.

Destrói-me drástica mania Desde dada melancolia Muito intensa vilania. Este veneno que em silêncio A alma dos mais puros Com sado açoite corrompia. Tem em mim uma trilha escura Basta que se veja com atenção A mancha que pesa o coração Mas eis a clara luz do dia Essa antítese da minha negação Não existe pois explicação Porém é esta que mais mata Uma carne que em plena lustre Inundada em podre embuste.

Estrada

E se alguém me convencesse Que aquilo que visto Está do avesso? Como saberia eu Pobre eu Onde é o fim Onde é o começo? Quem anda perdido por aí Encontra os melhores lugares Mesmo sem querer Vou em busca da esmeralda E só encontro Turmalinas. Mas é verde e bela mesmo assim Só me falta amar-lhe a cor Com mesmo puro e sólido Amor.

Estoura

Sabe quando a gente morde aquela fruta, sem medo, cheio de dentes, morde a polpa, morde a semente, o suco escorre na cara da gente? Pois bem Um dia desses eu vi um cara na rua No escuro Mordia a ponta do muro assim, todo duro Mastigava como um animal Como se não houvesse amanhã As pessoas passam na rua Horrorizadas Faziam "Mas hã?" Esse cara está maluco Perdeu a noção Chama o médico Chama o coveiro Ele mastigava pedra, cal e cimento Disse Calma minha gente, eu sou pedreiro Mas será que é mesmo? Por que um dia desses Vi ele fazendo uma feijoada Será que é cozinheiro? Sabe quando a gente morde uma feijoada Como se fosse a melhor coisa que existisse? Sabe quando vem aquela caipirinha E na vida Nada do que a gente tenta É como algo que a gente desistisse? Aí vem o samba E vem a gente Mas sabe quando a gente tem medo? Sabe quando a gente chora? Então chora Chora Sabe quando tá tudo uma zona? Sabe quando a gente estoura Meu Deus! Minha

Previsão

Encaro meu horizonte Onde lá jaz o meu futuro Vejo meu futuro como se fosse vivo. Vejo a mim mesma além de mim? Mas uma chuva cai Enxarca-me as previsões Destrói as tranças de meus cabelos Perfuma a relva com cheiro de nostalgia As flores no caminho não resistem Mas não se queixam Se quedam. Curvam-se A cada gota De pesar De molhar Aguardam Aguardo. Que sou eu? A chuva cessa Goteja tímida Como que pedindo licença Para se retirar Chega o horizonte no caminho Ou chego eu com meu caminhar? De onde encaro novos horizontes Nada é como é Mas tudo pode ser Sem que eu seja Que sou eu? Que vida maravilhosa.

A Versão Mais Perfeita de Si Mesmo?

Você é a versão mais perfeita de si mesmo. Essa frase tacanha e clichê apareceu na minha cabeça hoje, e me pôs a pensar, como tudo o que me põe a pensar. Estamos sempre buscando algo fora, nunca dentro. Buscamos a Deus, a um amigo, um amor, uma vida nova, novos ares, paisagens e cheiros diferentes, gostos diferentes, sabores diferentes... chamam isso de vida, ou de viver. Isso se mescla à vontades momentâneas até o momento que torna-se completamente compatível com a nossa capacidade de adaptação ao ambiente, até que sintamos a necessidade de fazer algo novo. Mas mesmo assim, temos medo. Temos medo do amor. Temos medo do ódio. Temos medo do novo. Temos medo do velho. Temos medo da vida. Temos medo da morte. Temos medo da alegria. Temos medo da tristeza. Temos medo da raiva e do perdão. Temos medo do outro e temos medo de nós mesmos. Temos medo de tentar e também de ficar parado. Temos medo de mover as coisas do lugar ou de deixar tudo como estava antes. Temos medo de ficar

Apocalypsis

Divinae Revelationis ut S. Ioannes I - De Olhos Fechados, à Beira do Lago Quando sentir o fora Exterior reconfortante Deste rarefeito ar Uma gélida régua de luz diante Desdobrar-se-á Raro efeito O sentimento, empodera-se Como se faz na beira congênita de uma noite confortável O externo de si permeia Denso como a certeza da trilha correta Às beiras do refúgio ancestral. II - Quando a Primeira Embarcação do Dia Passar O espectro à ponta da cama senta Ou espreita na ponta da mesa Ele é tão sólido e tão presente que ali se faz Mais pessoa do que a pessoa. Pessoa pessoa Companhia quando encuba Quando dura e amadurece Quando desenvolve-se e morre III - O Guardião que sempre Dura Pra esta canção que toda hora soa Sua harmonia mais que previsível A quem toda hora ouve enjoa Pra esta canção que toda hora soa O lamento  de ininterrupta negação Sofre quem ora se dispõe a atenção Pra esta canção que toda hora soa Não é mais sonho senão imagem tediosa Que
"Não confunda a intolerância com sua estupidez com intolerância com a sua religião, embora seja mais ou menos a mesma coisa" "Non confondere l'intolleranza con la tua stupidità con l'intolleranza della tua religione, anche se è più o meno uguale" Borges Sanatore
"O verdadeiro homem cria o seu próprio mundo em que ele pode dizer quem é o verdadeiro homem a partir de um molde de si mesmo." "Il vero uomo crea il proprio mondo in cui può sapere chi è il vero uomo da uno stampo di se stesso." Borges Sanatore