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Para a Música Sem Nome

Eu podia morrer agora

Fama talvez.

A mais nova notícia do noticiário do povo.

Nem que fosse ao menos por uma semana

Meu sangue anêmico esparramado ao chão seria notado enfim,

Já que não em minhas veias tristes e dilaceradas em vida.

Melaria e avermelharia um pedaço de terra e de história,

E uma música soaria.


Essa música que não tem nome.


Talvez pudesse se chamar 

“Noturno triste contemporâneo em Mi menor”

Tristeza contemporânea

Iguais às de hoje em dia.

Tristeza esparsa, vã e mentirosa.

Tristeza que todo mundo sente

Tristeza que ninguém quer sentir.


Ou talvez pudesse ser a música que todo mundo queira ouvir

Daquelas que a gente não acredita!

[que às vezes o dia é desagradável e não tem retorno.

Mas a gente não acredita e muda de estação.


Daquelas em que eu sonho com a princesa de Minas Gerais

Daquelas em que eu acho que a princesa tem um sorriso lindo

Lindo de morrer

E que é pra mim, mas na verdade é a música que me deixa assim.

Quando eu digo que te amo e acho que obtenho uma resposta.

Mas é só a música.

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