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Estrela de Cinco Pontas - I

I
Venho como poeta amador
Que não sabe tocar lira
Que só sabe falar de amor
E que vem tentando ser grande
Porém pequeno é o seu valor
Continuamente dividido
Em busca de uma razão

IV
E aqui estou também
A poeta desgraçada
Que tenta se reerguer
De uma vida degradada
Que pra mim nunca foi nada.
Poeta de alma sangrenta
Mulher sofrível corpulenta
Que respira o ar roxo
E bebe da água seca
Verde feito veneno

V
Oh Pai perdoe-o
Ele não sabe o que faz
Teve a alma límpida um dia
Salve a alma que outrora era luz
E hoje vive apenas no obscuro
Lave-o com sua lágrima abençoada
E faça dessa alma
Uma alma perdoada.

III
Não há alma que se possa ser lavada
Pois a água não toca o que não existe.
Se há algo de fato apodrecido
É o corpo real e palpável
E que é deveras comestível.
Ao invés de alma lave os ouvidos
E escute a voz do profeta
Que gasta sua garganta hipócrita
Para acreditarmos no nada.

II
Eu apenas sigo a sua trilha
Se é alma ou corpo o que existe
Se é ser feliz ou se é ser triste
Isso certamente não importa
Se é o pulso que você corta
Ou o veneno que você bebe
Promessa minha jamais será rompida
Que contigo disse que estaria
Seja em morte ou seja em vida.


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Autores:
Matheus Araújo Vieira - I
Leslie Rebecca Chans - II
Borges Rafael Sanatore - III
Isabelle Lorella La Fleur - IV
Estevão Bruno Steiner - V

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

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