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Nirbharatã (Ketergantungan)

A Luz cálida encarece a escuridão
O que seria do descanso se não fossem as andanças?
E o que é desespero sem a esperança?

Nuvem branca, flutua sobre os oceanos dos céus
Escondem de mim mistérios e enigmas sem resposta.
Eu sou um mistério, não tenho janela, nem porta.
Não tenho começo nem fim
Sou uma constante, numa faixa, duma linha, dum ponto, dum caminho
                                                  [que não começa e nem termina.

Cálida luz, clássica benfazeja, tudo reproduz.
Sou menina, sou menino
Não sou nada nem ninguém
Sou a bruma da espuma de quando tocam o sino
Planta verde com cheiro de mata de alumínio.

Orvalho cai na terra
Nasce uma planta, flor de lótus, for de luz, luze tochas, acende a vida
O que seria da luz se não houvesse escuridão?
O que seria da incerteza não fosse a solidão?
O que seria certa nada seria então.
Olho para o céu e não vejo o universo parar
Para perguntar por que.

Por que seria algo se houvesse a resposta e a solução?

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

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