Pular para o conteúdo principal

Glênio e a Cadeira

Caro colega Glênio,

Eu gostaria de me desculpar pelo aparente incômodo, ainda mais quando você “tem“ uma mesa e está acostumado à uma mesma posição todos os dias. Das vezes que não retornei à posição inicial foi por desastroso esquecimento. Mas ali foi o único “cantinho” que consegui para tirar uma soneca no meu horário de janta. Trabalhar de madrugada é dose, eu durmo apenas de 4 a 6 horas por dia... ufa! Ainda tenho intenções de ir para o turno da manhã, porque dormir 4 horas de dia seria o equivalente a ter dormido apenas 2 horas durante à noite... Enfim...

A situação foi tão engraçada (para mim) que eu até fiz um poema pra mandar pra você =)


Sentado Sentido

Sento-me à cadeira reclinável
E reclino-me às inclinações apostróficas
Aposto como em cada cadeira
Reclina ainda mais ao desastre
De inclinar-se aos casos de catástrofe.
Reclino então de volta à sua origem
De originalidade inclinada à reclinar
Mas sem antes folgar em seu encosto
Que encosta o encosto encostado
E que reclama pelo encosto declinado.
Folga-me pelo cansaço inclinado
Da inclinação da minha vida
Vivo a reclinar reclamações
Pois sandice é viver de inclinações
E reclamar das sutis reclinações.
Inclina-te antes a se reclinar
E a não reclamar da minha reclinação
E mesmo nesse reclina e inclinar
Amizade futura eu não reclino
E inclino-me ao possível cultivar.

(09/06/2010)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Erospectro

Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição. 

Tua Palavra

Palavras como fios E teus dedos costurando Um caloroso manto Para minha sombria alma. Palavras, que como pão Desta tua fome tão antiga Onde cada sílaba que canta Vira a ceia da minha calma. Palavras, como tuas mãos Que quando escreves meu nome Eu sinto O calor do teu gentil enlaço. Palavras como a brisa A brisa que a mim veio  No alívio das noites infernais Na doçura dos teus braços. E se ousa um dia duvidar Da força daquilo que escreve Lembra: O mundo que é só trevas A vida que era nada Tudo começou, até amor Pela Palavra.

Sacrum Putridaeque

  sacrum putridaeque "Animae exspirant, redire nolentes... Sed redeunt in sudore, dolore et metu, formam suam relinquentes." ✝ Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis ✝ Substância em ardência Como que em condenação Ao inferno da tua ausência. De seu cílio cai o lastro Da aurora poma aberta Afligida ao omisso mastro. Minha boca sente a míngua Pela privação do tato Da oração com tua língua. Numa parte sem ritual E eu aqui que só me encontro Do meu gozo sepulcral O meu tédio, meu remanso Invocatio sacroputrida Sem perdão e sem descanso! Ora em mim sem castidade Faz-me diário do teu ímpeto, Sem decência ou piedade! ================================================== Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis Substantia in ardore Quasi damnationis Ad infernum absentiae tuae. De cilio eius cadit onus Aurorae pomum apertum Afflictum ad mastum neglectum. Os meum sentit inopia Privatione tactus Orationis cum lingua tua. In parte sine ritu Et ego hic solus invenior Gaudii m...