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Revolução

Ah! Veneno dos bem quistos
De velha mania em dizer não.

Espíritos fortes, rebuliços
Ah Homens e Mulheres!
E crianças também
Crianças também!
A pessoas que existem
Desintegrando-se ao chão.

Ah venenosa revolução!
Dos olhos de mal querer
De mal dizer
E do mal digerir das notícias de todo dia
Ao bom dia que mal quer
Num nascer de Sol sombrio
Cujo dia que não se vive
Doa-se a outrém
Para muitos que não teremos
E tantos outros que nunca vêm.

Ah esta mania de não querer!
E de lutar e de viver!
Sobreviver!

Ah meus caros da história
Os Heróis ou a escória
(Depende de que lado da mesa estou
Se de pé ou se sentado
Farto com requinte
Faminto comportado)
Por que o mal hábitado do tanto querer
Daqueles que mal sabem o que querem?

Os olhos dos que não vêem
A fé dos que não crêem
Os pais dos que de mãe criaram
Como ovelhas velhas
E que sozinhos aprenderam a caminhar.

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.