Pular para o conteúdo principal

Não ignore, transforme!

No mundo humano sempre existiram pessoas curiosas e com um impulso a compartilhar as suas curiosidades com os demais. Egocentrismo, preocupação com o futuro, auto-afirmação, amor ao próximo, chame do que quiser, mas estas pessoas existem.

Antigamente (e eu falo de antigamente mesmo) imagino que se um homem não se dava com outro haveria duas opções: fugir dele para outro lugar ou matá-lo. Hoje em dia o planeta anda cheio, repleto de seres humanos, repleto de direitos humanos e repleto de regras morais e éticas chocando-se por aí tanto quanto há de estrelas explodindo no universo. O maior desafio da atualidade é coexistir e conviver.

Discordar tornou-se algo tão leviano e trivial que perdemos a chance de aprender a melhor das capacidades humanas na aquisição do conhecimento de vida: absorver, extrair, abstrair, transformar e eliminar, para começar tudo de novo.

Alguns param simplesmente no extrair da coisa, e se impacientam, esperam que a eliminação venha de fora, não de dentro. Eliminar é um dos processos mais difíceis no que diz respeito à informação que o nosso corpo e mente absorvem, e no aspecto da nossa convivência social, ela é pouco trabalhada. As pessoas se esqueceram de como respeitar ao outro. Os curiosos sempre vão compartilhar suas curiosidades, e sendo elas idiotas ou não, a validade destas informações não são nada mais que o julgamento de valores daquilo que esperamos por ideal. Não é verdade que não somos obrigados a conviver com certas idéias. Nós somos sim! Estamos aqui, vivos, vendo coisas. E agora, como coexistir?

O efeito de toda forma de violência ocorre quando não entendemos os passos da extração, abstração e transformação da informação a nosso favor (e de toda a sociedade!). Espera-se que aquilo não aconteça, que não exista ou não se manifeste. Pairamos na angústia da indignação sem descobrir uma solução simples para conviver com o problema. Esperamos que a solução venha de qualquer parte, menos de dentro, baseados numa concepção ilusória da felicidade plena. Perdemos a habilidade de perceber os limites, os lugares que não podemos ir e não iremos, por mais que essa angústia não nos abandone. O planeta não nos pertence, somos meros habitantes, e é uma pena quem tenta nos fazer acreditar no contrário. Não há mais lugares no mundo para nos escondermos da informação, porque hora ou outra ela simplesmente nos abraça sem ao menos darmos permissão.

O entendimento na absorção da informação nos transformaria em pessoas mais seguras, eficientes em transmitir os valores que esperamos de outras pessoas, ou de uma sociedade próxima àquela que idealizamos. Esperar que a informação não exista é desrespeitar a razão de existência de outro ser humano, suas crenças e seus valores aprendidos desde a infância. Julgar a informação é agir com arrogância, tomando como ponto de referência apenas a si próprio.

Eu não sou o primeiro a pensar sobre isso, estas idéias não são novidade alguma. O mais terrível para  a mente é imaginar que há séculos lidamos com esta questão que parece nunca ser resolvida. Eis aí algo mais a ser digerido pelo meu cérebro.

"O que seria do mundo se não fosse as pessoas que tentaram mudá-lo?" - Karina Guedes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Erospectro

Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição. 

Tua Palavra

Palavras como fios E teus dedos costurando Um caloroso manto Para minha sombria alma. Palavras, que como pão Desta tua fome tão antiga Onde cada sílaba que canta Vira a ceia da minha calma. Palavras, como tuas mãos Que quando escreves meu nome Eu sinto O calor do teu gentil enlaço. Palavras como a brisa A brisa que a mim veio  No alívio das noites infernais Na doçura dos teus braços. E se ousa um dia duvidar Da força daquilo que escreve Lembra: O mundo que é só trevas A vida que era nada Tudo começou, até amor Pela Palavra.

Sacrum Putridaeque

  sacrum putridaeque "Animae exspirant, redire nolentes... Sed redeunt in sudore, dolore et metu, formam suam relinquentes." ✝ Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis ✝ Substância em ardência Como que em condenação Ao inferno da tua ausência. De seu cílio cai o lastro Da aurora poma aberta Afligida ao omisso mastro. Minha boca sente a míngua Pela privação do tato Da oração com tua língua. Numa parte sem ritual E eu aqui que só me encontro Do meu gozo sepulcral O meu tédio, meu remanso Invocatio sacroputrida Sem perdão e sem descanso! Ora em mim sem castidade Faz-me diário do teu ímpeto, Sem decência ou piedade! ================================================== Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis Substantia in ardore Quasi damnationis Ad infernum absentiae tuae. De cilio eius cadit onus Aurorae pomum apertum Afflictum ad mastum neglectum. Os meum sentit inopia Privatione tactus Orationis cum lingua tua. In parte sine ritu Et ego hic solus invenior Gaudii m...