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Zôom Lógon Echón

Uma traição aos meus próprios saberes
E a minha própria concepção de ir além
Joga-me de volta quando estamos
Refletidamente invisíveis no meio do caos

O universo me agradece
Mas dentre tantas coisas consideradas importantes
Eu fui surgir também
Cabe a ele sua decisão

De dentro pra fora
O fantástico miserável cérebro
De dentro pra fora
As cores e formas impositivas nos limitam
No de limite e dizem não:
Árvores, somente verdes
Águas, somente cristalinas
Tudo em três dados de dimensão
Cumprimento Largura Profundidade
Tudo em outro lado de dimensão
Cumprimento Largura e Razão
Profundidade obscurecida
Na profundidade ilusão

Conectar ao que
Largue lá o sentido purista das preposições
Sem saber como texto reto
Que sarcasmo e ironia é um defeito da visão

Era incrível aquele tempo em que falávamos
Tudo o que pouco pensávamos
Hoje penso mais coisas sobre meu prato de sopa
Do que sobre a sobra dos meus pensamentos

antrhopos míchaní
gynaíka míchaní
apò mechanés théos

Que saudades de ser animal que imaginava tudo.

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Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.