Pular para o conteúdo principal

Anestesia

Os pais da sociedade de consumo são os maiores detratores para a própria sociedade. Os pais como sempre foram os pais, não os pais de ontem, ou os de hoje, todos os pais que se acovardam e compram filhos ao invés de criá-los.

Os pais deveriam ensinar aos seus filhos que a vida é difícil e um dia acaba, para sempre. Deveriam ensinar que  finalidade maior é viver duramente pela sobrevivência. Deveriam ensinar também que a vida não é uma festa interminável e repleta de sorrisos, a vida é difícil, muito difícil, e não importa o quanto você trabalhe, estude e sonhe, a vida sempre será difícil. Buscar a reflexão em função desta perspectiva fortaleceria o nosso espírito e amadureceria nossa alma, além de evoluirmos a nossa coexistência para a tão sonhada paz, apesar desta paz nunca ser possível de existir. O conflito humano é algo natural e que deve ser encarado desde cedo.

Viver a vida em busca do eterno prazer é pairar na infantilidade da consciência, pois cedo ou tarde a realidade do fim de tudo se mostrará presente. Ignorar o natural resulta nas reações mesquinhas e egoístas que presenciamos.

A evolução mostra que o que ignora a sua própria crise está fadado ao próprio fim. Apenas os que puderem resistir às dores mais duras é que terão condições de prevalecer e seguir adiante.

Quando questionar o porquê do caos e da crise da sociedade atual, ao invés de buscar refúgio no saudosismo, por que não enfrentar aquilo que ignoramos por causa de um moralismo falido e uma ética inexistente?

Postagens mais visitadas deste blog

Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.