Não tenho muitos amigos ou simpatizantes, e os poucos que tenho vejo com tão pouca frequência, mediados apenas pela rotina, pela irreparável e inescapável rotina. Sou um antipático nato. To dizendo isso não porque eu gosto de ser assim, mas porque essa condição me incomoda e eu tento contorná-la diariamente, muitas vezes sem sucesso, porque a visão primeira de todo mundo é pior do que religião fundamentalista. Mesmo que você fique nu diante de todos, elas não querem saber, você vai ser antipático. Você vai ser mais você mesmo pelo que os outros estão dizendo de você do que o que você diz de si mesmo. Essa é o meu maior obstáculo na hora de me relacionar.
Almíscara penumbra O ar que pesa em febre As sedas ardem chamas Verte-me a maré da criação. Recebo em exortação As faíscas que te explodem sob a pele Cubram-me, estrelas cadentes. Ergo-te minha aberta taça Largo anseio a coletar Neste cristalino cálice As pérolas de deleite mar. Perfeita ondulação Com um arqueio para trás Transmuto em Eva Rosa aberta das Mil Noites Das mil insaciáveis noites! Sem medida. Deixe que caiam Que cerquem-nos as brumas Banham a alma o noturno orvalho Ouça este canto É a beleza do profano hinário. Neste sonho vivo Altivez de devoção cutânea Rito ao lúgubre exorcismo Governa e acata simultânea. Sorve dominada a benta água Aceita a nativa incumbência A viva e infinita exultação. Quente e pesada Cai a noite Salto na cidade inteira Soltas rubras copas Sem medo Reflexo brilhante das estrelas Embebe o lacre dos segredos. Quente e pesada Em açoite Salta a cidade inteira Um, dois, três, quatro Brindem ao pórtico Abraçados às cortinas Rasguem o m...
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