Não tenho muitos amigos ou simpatizantes, e os poucos que tenho vejo com tão pouca frequência, mediados apenas pela rotina, pela irreparável e inescapável rotina. Sou um antipático nato. To dizendo isso não porque eu gosto de ser assim, mas porque essa condição me incomoda e eu tento contorná-la diariamente, muitas vezes sem sucesso, porque a visão primeira de todo mundo é pior do que religião fundamentalista. Mesmo que você fique nu diante de todos, elas não querem saber, você vai ser antipático. Você vai ser mais você mesmo pelo que os outros estão dizendo de você do que o que você diz de si mesmo. Essa é o meu maior obstáculo na hora de me relacionar.
Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição.
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