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E vai soltando...

Eu comecei este blog sem saber o que seria dele. Comecei tentando atingir uma pessoa por quem eu estava apaixonado com as minhas palavras. Então comecei o blog com um objetivo egoísta, íntimo. Teria sido melhor se eu tivesse escrito cartas, afinal, aqueles textos do início não fazem o menor sentido para quem lê, só para mim.

Depois disso convidei algumas pessoas para participar. Cada uma com a sua concepção particular do que é a vida, uns participando mais, outros participando menos, mas ainda algo íntimo. Acabou por se tornar um diário coletivo.

Por muito tempo pensei em encerrar o blog, por não conseguir ver sentido nos meus textos. De certa forma isso me causou angústia, porque eu gosto dos meus textos. Também outro motivo que me fez querer encerrar é a falta de público para ler, mas eu não sei. Não sei quantas pessoas passam por aqui. Nem todos que vem aqui deixam comentários ou querem expor publicamente as impressões que eu causo. De certa forma isso é ruim para mim, porque eu não sei qual o impacto as minhas palavras vem causando, ou até mesmo se elas vem causando agum impacto em alguém.

É a primeira vez que tento não ser tão íntimo, tão individual nas idéias. Estou exercitando a minha escrita, a mente, as idéias, para que eu possa olhar o que está ao meu redor, e não apenas o que está dentro de mim.

Existe um mundo inteiro ali fora, e eu preciso observá-lo de alguma forma, sob algum ponto de vista, afinal o escritor é uma espécie de tradutor da sua época. Tradutor pois o mundo sempre é visto sob uma perspectiva.

Então que as palavras venham e vão se soltando, como a minha respiração. O ar sujo que eu respiro, devolvo à atmosfera. Devo dar a mesma retribuição no que diz respeito às idéias.

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