Pular para o conteúdo principal

Amor da minha Vida

Às vezes te quero tanto como nunca
Como nunca quis nada da vida.
Às vezes te encontro assim, largada
Como refúgio, como sonho
Como ilusão perdida.

Sempre me engana e por isso
Às vezes te odeio
Às vezes por ti pranto,
Agarrada em convulsão
No escuro lençol da cama.

Às vezes fico séria,
E quando te perco a saudade
Tudo se alastra em drama.

Às vezes te amo
E como te quero
Começo o dia sorrindo
Tudo brilha, tudo é perto
Andar por cima é fácil

Às vezes chove
Essa metáfora dos românticos
Dos realistas e dos modernos
É fresco, é triste, é silêncio, é paz
Às vezes te quero tanto que não te quero mais.

Às vezes sinto vontade de ficar aqui
Agarrada aos joelhos, longe de ti
Às vezes quero apenas o teu conforto
A certeza de que é meu amigo

Tem vezes que me quero só, comigo.

Na maioria dos reveses
Reveze felicidade com tristeza
Isso com aquilo
Controlo-me, controla-me
Vejo o dia como dia
Ou como metáfora
Igreja vira vidro, ou fé
Prédio vira pedra ou moradia
Seu olhar às vezes dura
Mas às vezes fria.

Às vezes tu não sabes do que estou falando
Então só ouve o que quer, e segue sua vida
Às vezes queria ser assim, mais querida
Mais que esse olhar de superfície
Que não sabe do que falo, cria ferida.

E às vezes que eu me deparo com ti
Paro pra te pensar no tanto
Quando às vezes que quis tudo e não podia,
Morria.

Postagens mais visitadas deste blog

Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.