Quanto mais eu penso a respeito, menos eu compreendo porque a sociedade discrimina, zomba e agride casais homossexuais. Eles dizem que não é natural. Mas o que há de mais antinatural do que negar a maior de todas as naturezas, a morte, em função de provar para a sociedade que você não é quem realmente é, afim de agradar algum tipo de Deus que você inventou para si mesmo, enquanto adapta a este mesmo Deus a tudo o que há de moralmente errado com você? O que não é natural é o medo de pensar que, talvez, a eternidade seja apenas uma maneira narcisista de não querer aceitar a morte e o esquecimento.
Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição.
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