Pular para o conteúdo principal

A Falácia do "Mimimi": O mimimi de todas as falácias

Eu não tenho smartphone, não uso facebook, não tenho twitter, não tenho conta no Youtube, odeio youtubers, odeio gente famosa de internet, e de um modo geral, tenho odiado a internet também, embora eu a use pra me expressar.

A maior argumentação sobre quem adere a estas coisas é a de que precisa se socializar. E a maior argumentação contra quem não as adere é a de ser um homem das cavernas, e variantes disso. Chamem-me do que quiserem, troglodita, vive na era da pedra, vive na era medieval, enclausurado, recluso, excluído, vive na bolha, etc, etc. A minha autoestima não se mede pela opinião dos outros sobre mim, porque se eu pudesse falar abertamente o que penso da maioria das pessoas que conheço eu estaria preso ou já teria sido assassinado com requintes de crueldade.

Agora eu começo a identificar, apenas por hobby, a geração patética que se alastra diante dos meus cansados olhos. Antigamente era um desafio poder descobrir a idiotice estagnada na cara das pessoas. Mas a humanidade é uma coisa inacreditável, pois até isso conseguiram estragar para mim. Perdi o meu hobby ao perceber o quão rápido é fácil identificar um completo idiota.

Ultimamente não consigo aguentar dez minutos de conversa com quem não aguenta conversar comigo, e tudo por causa dessa maldito "mimimi". Não, não falo do mimimi de não aguentar uma conversa comigo, mas do próprio, do dito cujo, esse argumento dos idiotas sem argumentos, porque não conseguem combater uma inteligência superior, ou porque não conseguem admitir que são derrotados e foram encurralados, não sabem dizer a si mesmos "eu preciso me informar mais sobre este assunto", eles optam por simplesmente dizer mimimi.

Agora corrijam-me se eu estiver enganado, fico me perguntando desde quando eu adormeci para despertar nessa sociedade de idiotas infantilizados que não conseguem formular um pensamento que dure ao menos três linhas de um texto?

O mimimi é uma covardia usada contra a inteligência humana, pois o seu intuito verdadeiro é o de fazer com que pensemos que: 

- esse assunto é frescura
- esse assunto não deveria estar sendo discutido 
- esse assunto é irrelevante. 
- esse assunto não me interessa.

A noção de não admitir derrota, ou a falta de caráter para confessar que você é um interlocutor tão filho da puta de autoritário que eu não vou ceder à sua razão mesmo sabendo que eu esteja agindo feito uma anta anal, escondem-se por trás destas três inocentes sílabas: mimimi.

Este comportamento é uma estratégia de derrubar completamente o debate quando não se tem mais como contra argumentar. Quando o debate chega a um ponto de calor onde só basta um admitir que derrotou o outro, ou quando se perde completamente a noção do que estava sendo discutido, então alguém liberta essa pérola: "você está de mimimi", "esse assunto é mimimi", "agora todo mundo fica de mimimi".

Pois eu digo a você que um dia foi vítima dessa falácia: você tem o direito de se indignar, seja lá quão estúpida for a sua indignação.

Para os demais eu apenas espero que devolvam o seu certificado de mentalidade adulta e voltem para o estado de demência que existia antes mesmo de você perceber que você não era a única criança no mundo.

Perdoem-me as crianças, pois elas ainda não sabem perceber que sua mentalidade vale muito mais que um pobre mimimi.

Postagens mais visitadas deste blog

Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.