Pular para o conteúdo principal

Porque eu gosto tanto do filme Karatê Kid

Karatê Kid é um filme de 1984, e mesmo assim, é raro conhecer uma pessoa daquela geração que não sinta uma ponta de nostalgia quando falamos sobre a história.

Este filme conta a história de Daniel Larusso, um garoto de Nova Jersey que se muda para Los Angeles com a mãe, e lida com alguns problemas de adaptação ao lugar. As coisas se agravam quando ele conhece uma garota, Ali Millis, pois ela /é ex-namorada do melhor aluno do dojo de Karatê Cobra Kai, Johnny Lawrence. Em um momento do filme, Johnny junta-se com seus colegas do dojo e dão uma surra em Daniel, que é salvo pelo zelador de seu condomínio, o Sr. Miyagi. Impressionado pelas habilidades de Miyagi, Daniel pede para que ele o ensine caratê, e aqui começa a jornada do personagem.

Não quero entrar nos detalhes desta sinopse ruim que acabei de escrever, apenas quero dizer os motivos que me fazem gostar tanto deste filme, embora seja uma história que já foi contada várias vezes, de maneiras diferentes, em outros filmes, seguindo mais ou menos a mesma estrutura de acontecimentos.

Porémo apelo emocional do filme me chama mais a atenção, pois ele tem uma mensagem que me cativa muito: toda mente em desenvolvimento precisa de um mestre que a guie.

Eu não tive muitos mestres na vida, menos ainda para os objetivos que eu mais almejo, e eu consigo sentir o quanto isso me faz falta. O personagem Daniel San se vê numa situação em que ele sabe que ele é o único que pode resolver. Ele não recorre a ninguém, nem à mãe, nem à escola, nem a uma pessoa mais velha que ele. O problema que ele causou acaba sendo resolvido por ele mesmo, pois ele entende a importância de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Eis o primeiro grande passo para  o crescimento pessoal e amadurecimento. Porém, seja por humildade, ou por reconhecer a sua falta de habilidade, ele reconhece que precisa de ajuda. Quando traço um paralelo com a geração atual, eu sinto uma tristeza profunda ao perceber a grande disparidade.

As pessoas estão cada dia mais absorvidas pela internet, e claro, esta é uma das ferramentas mais incríveis que o homem já inventou, mas é também, a meu ver, o seu maior nemêsis. Eu me deparo com crianças e adolescentes que estão totalmente perdidos e desorientados, porém, eles admitem para si mesmos que já sabem de tudo o que precisam saber para viver suas vidas, pois todas as respostas que precisam estão a um clique de distância.

Deixando de lado os méritos das maravilhas que a internet proporciona, mesmo que Daniel Larusso conseguisse aprender, através do Youtube por exemplo, todos movimentos necessários para lutar karatê, algo fundamental lhe faltaria, que é a experiência e maturidade de seu mestre. Esta que lhe é passada a partir dos exercícios, a princípio excêntricos, mas que no fim das contas, Daniel entende que o estranho método tem eficiência quando ele começa a executá-los com respeito. O Sr. Miyagi simboliza a pessoa que está isolada do mundo por uma geração apressada e impaciente, mas ele consegue mostrar a Daniel que nada é alcançado sem esforço e dedicação. Ele ensina a todos nós que a excelência exige disciplina, e acima de tudo, as coisas devem ser executadas com respeito à vida acima de qualquer coisa.

O adolescente da atualidade se nega a aprender o que é fundamental para a vida ao pensar que apenas meia dúzia de cliques no Google os fornecem toda a informação necessária. Imagino que nem a própria empresa seja favorável a esta visão de que a informação precede a experiência. Uma deve estar aliada a outra.

No fim das contas, observo uma geração que teme a tentativa, e mais do que isso, teme o fracasso. E sem fracasso não existe experiência verdadeira. E sem experiência verdadeira, não existe história. E sem história, estaremos à mercê de uma sociedade completamente superficial e sem a capacidade de lidar com seus próprios conflitos de forma digna.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Erospectro

Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição. 

Tua Palavra

Palavras como fios E teus dedos costurando Um caloroso manto Para minha sombria alma. Palavras, que como pão Desta tua fome tão antiga Onde cada sílaba que canta Vira a ceia da minha calma. Palavras, como tuas mãos Que quando escreves meu nome Eu sinto O calor do teu gentil enlaço. Palavras como a brisa A brisa que a mim veio  No alívio das noites infernais Na doçura dos teus braços. E se ousa um dia duvidar Da força daquilo que escreve Lembra: O mundo que é só trevas A vida que era nada Tudo começou, até amor Pela Palavra.

Sacrum Putridaeque

  sacrum putridaeque "Animae exspirant, redire nolentes... Sed redeunt in sudore, dolore et metu, formam suam relinquentes." ✝ Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis ✝ Substância em ardência Como que em condenação Ao inferno da tua ausência. De seu cílio cai o lastro Da aurora poma aberta Afligida ao omisso mastro. Minha boca sente a míngua Pela privação do tato Da oração com tua língua. Numa parte sem ritual E eu aqui que só me encontro Do meu gozo sepulcral O meu tédio, meu remanso Invocatio sacroputrida Sem perdão e sem descanso! Ora em mim sem castidade Faz-me diário do teu ímpeto, Sem decência ou piedade! ================================================== Invocatio Sacroputrida: Vox Ultima Ex Reliquiis Substantia in ardore Quasi damnationis Ad infernum absentiae tuae. De cilio eius cadit onus Aurorae pomum apertum Afflictum ad mastum neglectum. Os meum sentit inopia Privatione tactus Orationis cum lingua tua. In parte sine ritu Et ego hic solus invenior Gaudii m...