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Deimos

Meu amor,
Quando eu fazia de mim um servo
Era teu um severo amor.

Queria ter te dado o mundo
Ou um abraço,
Mas só tinha eu.

Beijei o rabo do Inferno.
Consolo-me, beijei teus pés.

Meu amor, a ti amei
Como jamais amei Iavés.

Quem vive o pânico
O medo e o horror
Te amei como jamais meu amor.

Da lenda em teu labirinto
Eu era o Dédalo e tu minha Perséfone.

Sabia que era cera
E me disse: voa, voa alto
Meu amor me levaste ao céu e ao chão.

E como a Sibila ergui a mão
Dai-me seu amor, conforme os grãos de areia
E deu-me só os grãos em que o fogo ateia.

Amor, como te amei
Mesmo com a mão em faca
E a corda em mão.

Amor
como gritei teu nome em vão.

Te amei Senhora da Guerra.
Desço da portentosa casa divina
Onde a consciência um dia mina.
Morrer na imortal Terra

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