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Mindfulness de Botequim à Tarde

A voz que para dentro clama
Aquela que todo mundo escuta
Um som que se arde em chama
Abre-se em fissura uma gruta

E diz olhai o túnel interior
Caminha pelo escuro, confia
Segue lento no chão ardor
Sente na pele o sussurro, espia.

Arrasta pela negra galeria
Este pé que pesa de insistência
Não há nada lá, não há nada lá
É a repetição dessa confidência.

A quântica teoria nos diz
Tem algo que no descontrole
Teima em controlar
Luz arde chama

Alegria alegria
E o Sol nas bancas de jornais
Ninguém se lembra
E nem sabe do Sol.
Só do sangue
E do pó que vieram estes homens imortais.

Um homem dos informes, um jornaleiro
Escuta moço, quanto custa o isqueiro?
Leva aqui rapaz, não te esquece do cinzeiro.

Fim do  almoço de arroz, feijão filé,
Vai um café?
Quanto foi? Perdeu de novo?

Vai descer motorista
Resmunga puto manobrista.

Carta boleto ferro de passar jogo de botão
De rosa caída escada vez que se sai
Vá mais falo centro peça de teatro!

No fim do túnel, um lar em chamas

No fim do túnel interior
Encontra-se o abismo excretor.

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