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Metanoia

Que há neste recinto de solidão?

O passar das horas percebido 

Movimento das folhas no chão

Ou a vista decadente 

Resiste à espera, cidadão.


Há tempos que não sei o que é ser

E eis-me aqui, sendo.

Ou quem sente o quente e frio

Cadilho de nervosas reações

Dos cheiros que ardem-me o pulmão


Vivo a questão do quanto vivo.

O que é então?

Este silêncio ululante,

Ao pé do ouvido?

Seria esta a resposta então?

Viver é constante negação!

Não, não

Não há como ter plena solução

É tangente a ponto de interrogação.


Como posso, nesse confim de esquecimento

Querer dar a solução do que há muitos

Buscam com o mesmo ardor?

Mas tenho eu o mesmo ardor?

Não tenho o mesmo ardor


Quanto a mim pergunto qual mal me levará:

O infarto

Dos que vivem com paixão

O câncer

A quem a vida parasita

Ou o tédio

Contrição do nascimento?

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