Pular para o conteúdo principal

Paulo Freire, o inimigo do Brasil

Estive pensando sobre Paulo Freire.

Quando um homem usa sua inteligência para ajudar aos outros ele é chamado de criminoso, como Paulo Freire é chamado. Agora quando um homem usa seus esforços para enriquecer, mesmo que às custas da saúde física e mental de milhares de outras pessoas, ele é chamado de gênio. Estes seriam steve jobs, bill gates, elon musk e jeff bezos. Aqui no Brasil temos os nossos: luciano hang, eduardo saverin, jorge lemann, marcel hermann telles. Estes são os donos do país.

Não existe nada mais obsceno na sociedade moderna do que a existência de bilionários. Estas pessoas estão acima das regras e acima das leis. Como sociedade queremos acreditar que existe ética em seus comportamentos, mas não existe. Nossa sociedade falhou nesse aspecto. Um bilionário só pagaria pelos seus próprios crimes se um dia atentasse contra o próprio sistema que o enriqueceu, e implacável, o sistema o destruiria.

Luciano Hang na CPI da Covid foi uma demonstração disso. A CPI tem sido um verdadeiro exercício de como funciona o poder na prática: ele é corrupto e indecente. Os amigos do rei são intocáveis e tem a liberdade para debochar daquilo que os ameaça; os palhaços também podem ser amigos do rei. Não foi por acaso que ao final da comissão luciano hang esteve acompanhado de ninguém menos que o filho do próprio presidente, flábio bolsonaro. 

Há alguém nesse mundo que acredita que um homem bilionário, cometendo um crime, pagaria por eles? O sistema penal em países como o Brasil existe apenas como instrumento de controle dos mais pobres e nada mais. Acreditar que é possível enriquecer honestamente é uma fantasia capitalista. Eu me lembro de uma: Riquinho, o menino milionário que tinha seu próprio McDonald's em casa, cujos pais eram benevolentes e não demitiam ninguém. Verdadeiros exemplos de ricos honrados, mas claro, puramente fantasia.

Quem coloca os alvos e determina aos caçadores de recompensas quem são os inimigos do sistema é o próprio sistema. E para o Brasil, todo aquele que tenta mudar a vastidão de injustiça que existe nessas terras é um criminoso. Toda e qualquer figura que aponta às massas o quanto somos roubados, enganados, violados e privados de dignidade, estes são os criminosos. Nosso país é uma distopia real.

Para o Brasil, Paulo Freire é um criminoso, luciano hang é um herói. Professores e cientistas são vagabundos em excesso. Bilionários são pessoas honradas. Está muito claro quem são os amigos do rei.

Não existe justiça onde existe poder.

Postagens mais visitadas deste blog

Bucolismo

Com tua carroça cheia dos restos da cidade O catador para diante da margem do rio É um rio largo, escuro, mal cheiroso Ele observa o reflexo nas águas, suspira e vai embora: - Esse rio é tipo um abismo. Todo dia passa ali, com tua carroça colorida de catador. A engenharia é uma piada tecnicista Tem uma TV quebrada Num celular, uma antena de carro, só por ironia Um CD de um grupo de Axé que já acabou - o resto de uma alegria do passado - Uma boneca vestida com roupa de mecânico Restos de móveis Restos de roupas Restos de memórias fragmentadas. Ele mira o reflexo nas águas, suspira, e vai embora: - Esse rio aí, é um imenso abismo. Todo dia é a mesma coisa. Do outro lado da margem do mitológico rio:  A vista bucólica de um jardim bem cuidado Casas em seu devido lugar Pessoas em seus devidos lugares É tudo como se fosse um sonho. Ele olha as águas, se vê no fundo distorcido, suspira, pega sua carroça e vai embora - Um dia atravesso o rio. O rio é quase sem fundo e quase sem vida.

O Lago

Caminha entre alamedas tortuosas E a abóbada de bosques sigilosos Adentro a mata o encanto avistai Repousa obliterado o grande lago. E largo encontra em límpido repouso Defronta diante em margem distorcido Silêncio com remanso se emaranha Enigma malcontente insuflado. Atira-lhe uma pedra e de onde em onda Emergirá um monstro adormecido Até que venha o próximo remanso Até que a fenda em sangue desvaneça.

A Praça

Chegando na praça central Ouço os ecos e os rumores De uma vida que parece outra Os risos de andarilhos sem caminho Os caminhos de passos tortuosos O desgaste do que antes fora arte As estátuas sem nome Os nomes nas placas sem história Folhas caídas pelo chão  Os recortes no ar, de galhos retorcidos Ominoso, lugubre e risonho Será que um dia voltarão a florescer? A cada suspiro uma mão distante me acena Miragem ou ilusão, um consolo de memória. Por que tão vazia? Por que tão pouco visitada? Por que assim, remota, esquecida? Cercada de casas sem família Cercada de muretas sem ter o que proteger Nesta praça de ruas que não vão e nem chegam Somente o velho reina Meu filho, diz o vento, é assim mesmo. Quantas vezes soube tu, alguém que guardasse teu nome? A praça tem som de tranquilidade e cheiro de saudade.