Às vezes sinto que a depressão virou um acessório, um espelho turvo que muitas pessoas usam e não reconhecem que a carga mental pesada se trata de uma cobrança das emoções mais íntimas contra suas atitudes em relação ao mundo. É mais fácil se queixar de depressão e achar que tudo está contra você quando você toma as piores decisões, onera sua consciência e não leva em conta as consequências das suas próprias escolhas. Gentileza não é uma via de mão dupla, porém, cruelmente, a maledicência sim.
Dança a débil seda da cortina em altivez Acaricia, enquanto sôfregas, balança O alabastro lívido de porcelana tez. Ajoelha ante a luz da superfície pálida Princesa portentosa do teu estreito templo Aporta em silhueta a majestade cálida. Anda, paladino, sobre a laiva curvatura Forrada do plantio de calêndulas laranjas Descansa à boda quente da lacuna escura. Venera esta abadia, pétala a pétala Diante da minha dupla onírica imagem Repousa em cada vale de divina sépala. Despeja-me o orvalho em êxtase, a coroa, Na carne-alvura arqueja em nosso infausto cio, Em véu e labareda, um altar, uma pessoa. E quando finda a música, resta-me a visão: Princesa, diabo, luz, deleite em união, No espelho sorridente à criadora perdição.
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