Joanesburgo parece tão longe hoje...
Isabelle, minha flor,
Ainda me pego rezando por ti — não como quem pede algo, mas como quem agradece.
A vida aqui anda árida, e confesso: há dias em que o Evangelho me escapa pelas frestas do cansaço. Mas quando lembro de ti, é como se um versículo esquecesse de ser lido e resolvesse florescer por conta própria.
Às vezes, minha mente me trai, e volto àquela varanda onde teus olhos tinham o dom de calar todos os ruídos. Nosso silêncio era comunhão. Nosso riso, liturgia.
Eu nunca me ressenti de ti. Nem por um segundo. A tua partida me fez mais homem, mais servo, mais inteiro. Porque te amar foi a primeira vez que entendi o que era doar-se sem esperar retorno.
Não me cabe saber os desígnios de Deus. Mas se houver espaço, um dia, para cruzarmos nossos passos de novo, mesmo que apenas num abraço, saberei que foi Ele, mais uma vez, abrindo mares onde antes havia pedra.
Onde quer que estejas, que teu perfume de pêssego e teus cabelos com cheiro de rosas sejam bênção para quem se aproximar. E que quem se aproximar, que saiba cuidar de você como a Flor que você sempre foi pra mim.
Com todo o carinho que jamais se perdeu,
Teu Estevão
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