Noite, me veste
Como minha verdadeira pele
Noite, essa noite em liquidez
Que do rosto me escorre
Essa noite que punge, que sangra
Noite que despe, noite que morre.
Corvo que em mim pousa
Que grasna teu canto perfurante
Corvo que me invade
Ofega em mim e me sufoca
Afaga tua saliva que escorre
Do meu rosto que arde
Rosto que não é meu, que morre.
Verme que em mim rasteja
Que me toca sem pedir
Verme que me devora
De dentro para fora e me destroça
Sua gosma necrófaga escorre
De um rosto que não é meu
Verme que rasteja, verme que morre.
Espelho, espelho meu
Quem é a moça mais bonita?
A do corpo roubado
Ou do corpo que é seu?
Diz para mim, ou não diga...
Espelho que não meu.
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