Penetrem convivas, os amplos salões
Contemplem, com "ahs" e "ohs"
Num brio de coros libidinosos
O mármore de Afrodite e Baco
Os lautos chamados suntuosos.
Bebam
Comam
Fodam!
Desçam com as estacas
Em visco escorregadio
Engasguem, salivem
O assoalho em verniz.
Num indecente sóbrio manto
Em uníssona voz e contraponto
A ápice volúpia, nosso canto.
Durmam
E depois do riso
Da bebida
Da partida do gozo
Sumam daqui!
Saiam todos!
Larguem as taças
E a restinga da algazarra!
Deixa que eu recolho
Como sempre só o fiz
Os cacos de vidro pelo chão.
Entre o sangue da dor
E do abandono
Uma jóia quente e macia.
Cai em mim a sua mão.
Vai então, minha clara confissão:
Eu te amo até o fim dos meus dias
Eu te amo até quando puder respirar
Esse ar fétido que nos cerca
Eu te amo até que fique em carne viva
Da vida que me trouxe de volta
Eu te amo, coelhinho, oceano.
Repousa aqui tua mão e não solta.
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