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Giselle

 G-Graça, beleza pueril nos olhos que te vêem, I-Inteligência nobre, a alucinação do além. S-Santidade és, no espírito abençoado. E-E eu aqui, a poetar com liras, às pétalas de teu seio. L-Leves veludosos passos da tua leveza L-Lascivos lábios grossos da tua pureza E-E tu aqui a poetar com liras, ao coração despedaçado.

Love Story

 Após o último frame rodado Enquanto a tela ainda exibia o Staff Jennifer da Silva enxugava as lágrimas,  e lamentava o final indignável de Rose Bukater.  Que estrondo de lágrimas incontestáveis! Nem quis escutar,  Com tanto pranto e emoção,  Que logo ali na esquina fria da rua tupiniquim,  Um pretinho chorava também.

Cantus Laetus

 I - Opus Dei No princípio era tudo um abismo escuro Deus deu ordem à desordem E a ordem deu margem à desordem E começou o que nunca começou, o que nunca terminou. Ele não sabia Ele sabia Talvez Ele soubesse, teria esperado. II - Opus Gisellae No princípio tudo era um abismo escuro Giselle não gostava disso... Fez do escuro preto, cinza Do cinza, foi o primeiro dia e o marrom Do marrom fez um lilás e do lilás um doce Rosa, e aprendeu. No Rosa se descobriu no vermelho, cresceu dez anos e                       [adormeceu. Do vermelho fez o laranja e daí o alegre amarelo. Do amarelo veio o verde, e aí parou. III - Amiticia et diligentia dictorum Transformou a enfermidade em esperança Trasformou nossa desgraça em bela dança Fez da existência uma dor mais colorida Trouxe a arrogância à epigenesis da vida. Por mais que o riacho corra dando adeus às suas águas Deixando-me na alma uma sombra, triste mágoa Por mais que as flores murchem mergulhando-me em tristeza Desisto desta vida, dando à vid

Diálogo Parlamentar

 Enquanto havia calmaria nas docas tributárias Pássaros incrementando jingles partidários Meninos hasteando bandeiras de plásticos eleitorais - Viva o País, viva Schummacher, Viva Pelé! Mulheres bolinando a mente às cenas das telenovelas ao som da espuma do sabão de pedra Homens de calos nas mãos contando os feitos do deputado Dr. Fulano de Tal. - O dotô trabalha, é honesto - Meu minino indo num sabe lê.. Enquanto isso, acontecia o diálogo parlamentar. - O senador Doutor Fulano de Tal quer tratar do empréstimo partidário? - Mas e as movimentações públicas deputado? - Estão falindo o restaurante La Indignate. - Então temos de fazer algo, em nome da democracia nacional. - Senhoras e Senhores! Anuncia o anfitrião de picadeiro: Aqui estão as inacreditáveis Inigualáveis Incríveis Notícias da nação!

Prelúdio Urbano

I.Moderato Tarde de Sol escaldante no bairro Um casal se prostra à beira da porta O Gato se entrelaça aos pés da moça O cão do moço, dorme, escondido e envelhecido,          Quase morto atrás da porta. Estendem-se muros velhos, Onde as crianças brincam de esconder; Ninguém sabe onde se encontra ninguém. Estendem-se trepadeiras secas e cadavéricas, Onde deveriam estar ramalhetes. As donzelas já não são mais donzelas E o amor põe-se a chorar no coração dos moços Dando lugar a notícia. Os sinos das Igrejas tocam descompassados Só vejo agora, anjos feitos de papel, flores de plástico DEUS À BEIRA DO PENHASCO E o nosso desejo acima de qualquer suspeita. II. Allegro non troppo No meio do terreno baldio,  De onde se ouvia o prelúdio urbano Havia um homem comendo micróbios.  De trás da sucata,  Um menino o comia com os olhos. No meio da avenida um amor perdido De onde se ouvia o prelúdio urbano. Um coração dilacerado e sangue pra todo lado Ai, e aquelas exclamações apocalípticas que matam... M

Faminto

 Perdi a fome quando me apaixonei Não comi por três longos anos Longos, longos, longos... Se eu dissesse que era um ovo Não era um ovo Se eu dissesse que era um vôo Não era um vôo Se eu dissesse ser um vovô Não era um vovô Perdi a paixão quando senti fome Não me apaixonei por três breves meses Mas na fome que não é fome Só comi.

Para a Música Sem Nome

Eu podia morrer agora Fama talvez. A mais nova notícia do noticiário do povo. Nem que fosse ao menos por uma semana Meu sangue anêmico esparramado ao chão seria notado enfim, Já que não em minhas veias tristes e dilaceradas em vida. Melaria e avermelharia um pedaço de terra e de história, E uma música soaria. Essa música que não tem nome. Talvez pudesse se chamar  “Noturno triste contemporâneo em Mi menor” Tristeza contemporânea Iguais às de hoje em dia. Tristeza esparsa, vã e mentirosa. Tristeza que todo mundo sente Tristeza que ninguém quer sentir. Ou talvez pudesse ser a música que todo mundo queira ouvir Daquelas que a gente não acredita! [que às vezes o dia é desagradável e não tem retorno. Mas a gente não acredita e muda de estação. Daquelas em que eu sonho com a princesa de Minas Gerais Daquelas em que eu acho que a princesa tem um sorriso lindo Lindo de morrer E que é pra mim, mas na verdade é a música que me deixa assim. Quando eu digo que te amo e acho que obtenho uma respost

Viajante Cacique

 Não sou daqui, sou de qualquer lugar Sou de onde meu coração mandar Não sou daqui, sou de lugar nenhum Sou de onde o tambor ainda faz tum! Sou das Minas às Serras Cantareiras Sou Urupês, Irapuá e Tabajaras Canaviais, Honolulus, Parises e Milãos. Sou da terra de todos os irmãos. Sou de Belém, Carfanaum, Jerusalém, Sou das Terras sem nome Por que antes não tinham. Hoje só têm para ti segregar. Sou o típico Italo-americano das tribos de Itapecerica. Sou o filho do baiano comedor de mexericas. Sou o Alfa, o Ômega e sua semelhança. Sou começo, o meio e o fim de toda a dança. Sou o último raio da estrela, a esperança.