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Carta ao Cientista

Coração. O que é isso? Será apenas um pedaço de carne que pulsa simetricamente, sincronizadamente, espalhando sangue para todos os lados? O que é isso? Um amontoado de músculos asquerosos e pegajosos, de aspecto grotesco cheio de uma carne indigesta? É o coração apenas o que jaz em carne? Ah sofrimento! Não vens do meu peito, mas da minha mente perversa e luzidia. E a razão, essa soberba que nunca admite a nada, transfere toda a responsabilidade para o já cansado coração, e é lá que eu sinto a dor, além da dor inevitável de me sustentar pelo resto da vida. Pois todos os males a ti pertencem ó coração. Carregas por toda a vida a responsabilidade cruel da vida, além da vida, e possui força imensa para realizar o seu trabalho incessante, sem reclamar, sem contestar. E razão, esta soberba, de ti diretamente depende. Dizem que é o contrário, pois sem a razão, o coração nada seria. Mas tu, meu pobre e cansado coração, tu és mais nobre, pois vives em constante labuta pobre, e ret

Casa de Vidro

Casa de vidro Casa simplezinha Erguida em pé sobre pedra calcada Unidos cantos em nós de torvelinhos. Casa de vidro Casa simplezinha Tão transparente de aparência fria Porém conforta, acomoda e luzidia. Casa de vidro Casa simplezinha Internas brumas são eternas dunas À porta uma esfinge invencível. Mil janelas do mundo invisível Mil reformas e outras mil fortunas Cautela aí, não toque pois é frágil! Tão fácil fere quanto alguém que seja Tão hábil é o pó do que apedreja. Causa feridas, o seu caco é ágil! Casa de vidro Casa simplezinha Agrada mais o hóspede que o dono Por fora é transparência Por dentro só espelhos O hóspede reflete-se em seu próprio meio. Casa de pó Casa de vidrinho Casa pequena Casa simplezinha. Casa minha.

Eu Posso?

Poderia eu te dizer que não há estrelas suficientes no céu Nem grãos de areia no mar E me dobrar sobre esta afirmação comum Apenas pra agir no meu gesto de amar? Com simplicidade não me contento Embora o amor seja complexo E tem o simples de intento Com atitudes sem nexo. Pois diria a princípio, com palavras rupestres De rudeza artística De por pura clareza Com suma da beleza... Palavras sem vão Discursos sem vão Caminhos sem vão. Seria o bastante apenas o olhar desejoso O gesto carinhoso O feito ambíguo, embora sempre preciso O medo inimigo de ficar sem comigo A volta insana de castelo a choupana De Almira a Joana De Karina a Zumira De farinha esparsa De alimento e farsa Deixar minha cultura Deixar minha política Deixar minha loucura Deixar minhas vestes Deixar minhas pestes Deixar minhas doenças Deixar minhas benças? Seria possível e suficiente Agir como louco e demente Agir como pobre doente Agir como rico serve

Protesto Apaixonado

Tal como o moribundo demente Que sente a vida indo de pouquinho E sente a pele morta já dormente Não sente nem o toque passarinho Sinto que sou a última do mundo Sinto que sou como a moribunda. Mas ao invés da pele sem o tato O que já morto sinto é o coração. Desse mundo carne, água e prato Dessa alma sem intuição Do vento frio e forte que não toca Onde tudo é sim e nada choca.

Nascida

Nasci simples de um beijo de pó Cálida calma da brisa matinal Simples, simples e só. Há quem diga que foram nove Mas nasci de doze meses Mamãe disse que foi de novo. Mas foram doze meses Desde que uniu mulher e homem. E nasci simples Nasci simples de um beijo de pó Nasci simples, simples e só.

E vai soltando...

Eu comecei este blog sem saber o que seria dele. Comecei tentando atingir uma pessoa por quem eu estava apaixonado com as minhas palavras. Então comecei o blog com um objetivo egoísta, íntimo. Teria sido melhor se eu tivesse escrito cartas, afinal, aqueles textos do início não fazem o menor sentido para quem lê, só para mim. Depois disso convidei algumas pessoas para participar. Cada uma com a sua concepção particular do que é a vida, uns participando mais, outros participando menos, mas ainda algo íntimo. Acabou por se tornar um diário coletivo. Por muito tempo pensei em encerrar o blog, por não conseguir ver sentido nos meus textos. De certa forma isso me causou angústia, porque eu gosto dos meus textos. Também outro motivo que me fez querer encerrar é a falta de público para ler, mas eu não sei. Não sei quantas pessoas passam por aqui. Nem todos que vem aqui deixam comentários ou querem expor publicamente as impressões que eu causo. De certa forma isso é ruim para mim, porque eu

Tudo bem amor, está tudo bem

Eu vou permanecer aqui no meu canto roído da cama. Ficarei imune a mim mesma, moldando no colchão o formato do meu corpo, enquanto espero por ti, completamente sólida. Permanecerei muda e estática, sem expressão de desapreço, sem desgosto pela vida ou pela morte, apenas esperando. Tudo bem meu amor, está tudo bem. Não vou confundir a generosidade com algo maior, pois generosidade é apenas o agradecimento pela minha existência. Meu coração é frágil e temperadamente necessitado, mas esforça-se para não ver as coisas que mais deseja; esforça-se para não fazer de si mesmo a sua própria armadilha, que é um charco de lágrimas dolorosas e uma angústia silenciosa de apenas aceitar generosidade. Apenas uma generosidade mansa e cálida, que resume a alegria dos meus dias no esticar dos seus lábios, desenhando um sorriso que é típico de você. Dormirei mansa, sóbria, estagnada, esquecendo-me completamente de que é o ar que me dá vida; queimando meus ombros no roçar e rolar interminável

Frase VIII

Porque eu mesmo não criei aforismos: "Os sábios preveem o futuro, os loucos escrevem no muro" (Raul Seixas) "Os sábios preveem o futuro, os loucos escrevem no muro" (Cazuza) "Os sábios preveem o futuro, os loucos escrevem no muro" (Bob Marley) "Os sábios preveem o futuro, os loucos escrevem no muro" (Kurt Colbain) "Os sábios preveem o futuro, os loucos escrevem no muro" (..... .....)