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Você se lembra disso? Eu sim!

Eu me lembro bem. Era mais ou menos em agosto, do ano de 1997. Eu tinha 14, você tinha 12. Como essa época ficou marcada em nós. Eu me lembro bem que o professor Isac te pôs para fora da sala por causa das suas curiosidades ousadas. A indagação infantil vira uma arma fatal aos ouvidos de um adulto convicto e esclarecido: "Professor, mas na bíblia Jesus não disse que o único que pode falar com Deus é ele mesmo?" "Professor, não está errado acreditar em Santa Maria sendo que Jesus é o único que pode falar com Deus?" "Professor, Jesus não disse que ele era o único que pode nos levar até Deus?"... e você não parava, cada vez mais fazia perguntas. Eu ri, porque achei muito engraçadinha toda aquela sua curiosidade inocente. Em todos os anos de escola que convivemos, parecia a primeira vez em que você se interessava por algum assunto. Mas acho que eu fui a única que percebeu isso, porque em questão de 4 ou 5 perguntas a paciência do professor se esgotou, e vo

É Dezembro...

O ano não poderia terminar de jeito melhor. Que as minhas impressões não me enganem, e que tudo o que eu esteja vivendo não seja ilusão. A vida tende a nos iludir. A vida sempre foi ela mesma, a ilusão está na própria mente. Mas quando lhe são negadas as verdades desde a infância, e quando se acostuma a promessas não cumpridas, fica difícil incorporar a diferença entre verdade e mentira. Cabe-lhe aquilo que lhe é mais confortável. E só. E quando a impressão fica Dezembro das flores Dezembro das dores Dezembro multi falhas Cheia de nódulos Cheia de cores Dezembro de preto e branco É dezembro dos falsos Cadafalsos de odores. Dezembro de fim de ano Dezembro do início dos planos Em dezembro vira-se o barco Caem as caras todas no charco E sobem do lodo em renovação Dezembro das promessas Dezembro da ilusão Ateam-se fogo nas lareiras Escorrem as águas nas ladeiras Dezembro de pratos e peneiras Dezembro de doces torniquetes Dezembro de san

Salgueiro

Há a maior alegria em minha paz Quando uma folhinha despenca Do mais alto galho Do salgueiro tranquilo e audaz. Cai em minha mão  E a minha vida se resume num ímpeto sutil. Um sorriso apenas, sem brio Um palpitar de coração apenas E uma respiração apenas, sem frio. De resto A vida torna a seu curso maior Por ter em mãos a simplicidade plena O lago acalma, o vento para, a planta amena Acena.

Tsemaya Sentle Imaan

Abrem-se os finos céus Olimpos ou Paraísos Enquanto os deuses choram. Um caminho negro e vivo Arrasta-se nas alamedas Enquanto as Deusas oram. Pés exaustos, resvalados Caminham pensando a sorte. É uma marcha de dor É uma marcha de morte. Confunde-se a pungente dor Com a alma de sua cor. Trazem nela as marcas da história Dos infinitos açoites Dos buracos de fome Dos dias de eterna noite Das infinitas mortes sem nome. A morte aqui é branca Negra é a viva alma Caminha na sua sorte Uma marcha de dor Uma marcha de morte Uma mancha, um corte. Os céus se abrem Não no dia claro Não na porta luzidia! Caminham na sua sorte No mais lúgubre do dia! A cada passo caminhado Sorve o sofrimento De um anjo que é contemplado. E neste duro firmamento É eternamente esquecido Mas eu cravo com brio A ponta firme de minha dor! Tsamaya Sentle Imaan! Tsamaya Sentle Imaan! Vá e leve contigo Um pedaço do meu amor! Um anjo bom é esquecido Não canonizado Um anjo puro,

Eu, Criador de Mim Mesmo

Não planto árvores sobre a terra Pois a terra me rejeita Minha terra é o rio corrente Rebelde e indolente Triste e Solitário Rio jocoso e salafrário De águas venenosas e duvidosas E ali um galho que nasce Frenético e triste desfalece No primeiro cotovelo De seu curso fácil Mas no rio Tudo o que há é meu As palavras Os sons A temperatura das salas A largura das alas Os critérios alfandegários As burocracias portuárias Os portos de ancoradouro Os recifes que encalhei (Sim, há recifes no meu rio) As sacadas de serenatas Os feiches luares de prata São meus os risos das meninas E o ódio por mim mesmo. Só não me pertecem as árvores. Em terra que só consome Não crescem árvores. Não planto árvores em terra firme A terra que tenho é terra de açude De lamaçal De manguezal Terra movediça e suja Sem ânimo ou vitamina Sem brisa fresca Sem água de rio (Rio seco cheio de recifes). Saudades eu sinto Da árvore lá de

Desengano

Eu abro as cortinas pra falar do seu estilo Esguio o olhar nas guisas e nos contornos De um olhar preciso de atenção. Ouça atentamente a voz da minha lição Não sou profeta do passado e nem poeta do futuro Eu lanço minhas palavras assim, no escuro. Mas se eu raspo a tua alma e te desnudo Eu vejo como é capa de revista. Revista e não encontre nada! Alma desvendada, raspada por espátulas marcadas. Existe mais de fora do que do interior Salve-se exceção de verbos de labor. Sinta amigo, este sabor! Uma palavra puxa a próxima e a anterior Como um trem sem destino os versos soam Mas não viaja por acaso, quer chegar em algum lugar Veja a fumaça da Maria-Fumaça. Maria Virgem Mãe do Jesus de Praça Fé de fácil acesso desfalece e embaça. Desembaça as cabaças das suas traças A alma é antiga e a mesma há anos E enxerga em mim com males e desenganos Mas eu viro pombos e minhocas, gatos e tucanos. Eu sou um tudo e um nada resumido em simples plano.

A Minha Crença

Eu acredito que até mesmo a morte do mais delicado inseto, causada pelas nossas mãos, pode afetar o nosso espírito, e manchá-lo com uma aura negativa. Eu acredito que a felicidade máxima está em respeitar a vida, no mais amplo sentido dos sentidos.